Histórico

TSE confirma 2º turno entre Lula e Alckmin

Os eleitores brasileiros voltam às urnas no próximo dia 29. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à reeleição, teve 48,79% dos votos e não conseguiu encerrar as eleições neste domingo. Com 98,06% das urnas apuradas, o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, recebeu 41,43% dos votos e vai ser o adversário de Lula no próximo turno das eleições 2006.

A candidata do PSOL, Heloísa Helena, teve 6,85% dos votos, enquanto o representante do PDT, Cristovam Buarque, recebeu 2,67%. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) registrou 2,73% de votos em branco e 5,7% de votos nulos.

O quadro acima repete as eleições de 2002, quando Lula também enfrentou um tucano em dois turnos: o ex-ministro da Saúde José Serra (que venceu hoje a eleição para governador de São Paulo).

No primeiro turno da eleição de 2002, Lula teve 46,44% dos votos contra 23,20% de Serra e o derrotou no segundo turno com 61,27% dos votos ante 38,73% do tucano.

Até a penúltima pesquisa divulgada pelo Datafolha, no dia 27 de setembro, Lula tinha 53% dos votos válidos e Alckmin, 35%. Levantamento divulgado ontem pelo instituto, entretanto, já indicava a possibilidade de segundo turno, com o petista aparecendo com 50% dos votos válidos e o tucano, com 38%.

Para que um candidato seja eleito sem a necessidade de realização de um segundo turno, ele precisa ter 50% mais um dos votos válidos. Pesquisa do Ibope e do Vox Populi, também divulgadas ontem, apontaram a mesma tendência do levantamento do Datafolha.

Trajetória

O rescaldo da crise do “mensalão”, de 2005, tinha levado Lula praticamente “à lona”, segundo registravam as primeiras pesquisas eleitorais de 2006, quando marcou suas menores taxas de intenção de voto.

Nos dois primeiros meses do ano, sua preferência eleitoral caiu abaixo de 40%, chegando ao “vale” de 33%, segundo a pesquisa Datafolha dos dias 1º e 2 de fevereiro.

O período coincidiu com a disputa acirrada dentro do PSDB para decidir quem seria o presidenciável do partido que disputaria uma eleição aparentemente “ganha” contra um presidente abalado por uma crise que monopolizou os jornais pelo segundo semestre de 2005.

Ironicamente, a disputa foi vencida pelo candidato que sempre teve as perspectivas mais baixas de voto: Geraldo Alckmin, que até março mal havia atingido a casa dos 30%.

Lula, no entanto, mostrou uma capacidade de recuperação que surpreendeu seus adversários e já no final de fevereiro havia voltado à casa dos 45% de intenção de voto. Em maio já havia atingido os 49% –segundo pesquisa Vox Populi dos dias 27 e 28– e era somente uma questão de tempo para consolidar sua posição de virtual eleito no primeiro turno.

Esse patamar confortável de votos possíveis foi mantido praticamente durante todo o ano e só foi melhorando próximo à reta final. Já em agosto, vários analistas políticos cravavam sua vitória neste ano por ampla margem contra seus adversários, repetindo o desempenho de Fernando Henrique Cardoso, que venceu no primeiro turno (54,27% dos votos válidos) em 1994 e em 1998 (53,06% dos votos válidos).

Na visão dos analistas políticos, o programa “Bolsa-Família” de Lula teve em sua campanha o mesmo efeito do “Plano Real” para FHC em 1994 e das turbulências econômicas (e da “necessidade” de continuidade para combatê-las) para o tucano quatro anos depois.

Lula também agiu para “eclipsar” o efeito “mensalão”. Saiu do Palácio do Planalto e rodou o país, em eventos que priorizaram o contato popular e para as imagens dos telejornais. Deu certo: durante meses, Lula entrou diariamente no “Jornal Nacional” em eventos públicos, seja participando de cerimônias ou inaugurando obras mal saídas do chão.

Dossiê muda perspectivas

A condição aparentemente imbatível do candidato-presidente somente foi abalada quando explodiu o último escândalo ocorrido em seu governo: o chamado “dossiêgate”.

A tentativa frustrada de compra de um dossiê contra políticos tucanos por integrantes do PT monopolizou os jornais na reta final de campanha e assombrou a virtual vitória de Lula no primeiro turno.

Analistas políticos duvidavam, no entanto, que o novo escândalo político sobrepujasse o carisma do presidente-operário, sustentado por um amplo programa de benefícios sociais e por uma retórica popular reconhecida até por seus adversários.

A escalada do “dossiêgate”, no entanto, teve o efeito de minar a “blindagem” de Lula. Seus adversários, principalmente o tucano Geraldo Alckmin, exploraram os detalhes do noticiário e lembraram do “mensalão”, em um efeito de acumulação que, aparentemente, convenceu o eleitorado.

O quadro, no entanto, continua favorável ao petista e árduo para o tucano. Embora a ida ao segundo turno possa ser considerada uma “derrota” para o PT, que sempre apostou na vitória já no domingo, Lula mantém uma boa vantagem sobre Alckmin, o que, possivelmente, prefigura uma repetição de 2002.

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