O presidente americano, George W. Bush, faz nesta quinta-feira sua primeira visita em seis meses a Nova Orleans, cidade devastada pela passagem do furacão Katrina em agosto de 2005.
A passagem do furacão pelo sul dos Estados Unidos provocou enchentes que inundaram 80% da área da cidade. Em cinco Estados da região, mais de 1.800 pessoas morreram, e os prejuízos ultrapassaram os US$ 81 bilhões.
Foi um duro golpe também para a confiança do país na administração de Bush. A resposta inicial do governo à tragédia foi vista como falha. Na época, o presidente foi acusado de indiferença diante da sorte dos negros e pobres da região.
Desde então, a Casa Branca busca assegurar aos moradores locais –e à nação que está comprometida com a recuperação da região. “Queremos garantir que todos trabalhem juntos para resolver a situação o quanto antes”, disse Tony Snow, porta-voz da Casa Branca.
“Todos sentimos urgência”, afirmou Don Powell, coordenador da recuperação do costa do golfo do México, como é chamada a região. “Mas acredito que é importante colocar em perspectiva o tamanho da tempestade”, disse. “Acredito que houve algum progresso.”
O presidente até hoje ainda sofre críticas devido à resposta dada ao furacão Katrina.
Autoridades locais notaram que não houve menção ao furacão durante o discurso sobre o estado da União de Bush em janeiro.
A primeira parada de Bush será em Mississipi, Estado que reclamou por ter recebido menos auxílio do governo federal, enquanto Nova Orleans, no vizinho Estado de Louisiana, passou a ser o foco das atenções.
Reconstrução
O processo de recuperação de Nova Orleans tem sido lento. Partes da cidade continuam em ruínas e crimes violentos aumentaram, assim como o valor do aluguel.
Muitas escolas públicas reabriram, mas em algumas ainda faltam professores.
Na semana passada, dois moradores receberam as chaves do que se acredita serem as primeiras casas construídas desde a passagem do furacão na região pobre e mais atingida da cidade, conhecida como Lower 9th Ward.
Mas lá e em outras áreas ainda há muitas casas vazias. Muitos negócios pequenos, incluindo lojas em French Quarter, a parte mais turística da cidade, enfrentam dificuldades.
O prefeito Ray Nagin afirmou que as pessoas estão perdendo a paciência e que pretende pressionar Bush para que a entrada de ajuda federal seja mais rápida.
O Congresso americano introduziu uma legislação para cancelar burocracias relacionadas a tempestades, e também pressiona a administração de Bush para que faça mais. Enquanto isso, um projeto para reconstrução ainda está em trâmite no governo local.
Cobrança
Shelley Midura, do conselho municipal, disse que é preciso que o governo federal faça a sua parte. “Precisamos ver o início de uma avalanche de ajuda. O rompimento das barreiras foi culpa deles”, afirmou, referindo-se às estruturas de controle de enchente, elaboradas pelo governo federal, que falharam durante a passagem do furacão.
O custo para a reconstrução da cidade, que exclui muitos itens desejados pelos bairros, é de US$ 14 bilhões. Dentre os pedidos da cidade estão o perdão de US$ 240 milhões em empréstimos pós-Katrina. O governo federal destinou cerca de US$ 110 bilhões para a costa do Golfo desde os furacões de 2005.
Nem todos, porém, estão contando com o governo. Nos bairros duramente atingidos de Broadmoor e Lakeview, casas estão sendo reconstruídas, os negócios estão voltando aos poucos e moradores estão liderando a recuperação.
Em Lakeview, grupos de voluntários ajudaram a consertar playgrounds e áreas comuns. Há planos para plantar centenas de árvores e arbustos e limpar escombros com a ajuda de cadetes da academia militar de West Point ainda neste mês de março.