Histórico

Violência cresce e assusta moradores de Boca Raton

Cidade, que já esteve entre os melhores locais para se viver no país, sofre com o aumento de 300% na taxa de criminalidade. Mais dois crimes aconteceram no último fim de semana

Há menos de dois anos, Boca Raton foi apontada por uma pesquisa da CNN/Money Magazine uma das melhores cidades para se viver nos Estados Unidos – ao lado de Coral Springs, a única da Flórida no Top 30 da lista. Hoje, no entanto, o local sofre com as elevadas taxas de criminalidade. De 2006 para 2007, o aumento da violência foi de 15,3%, o maior do condado de Palm Beach, e a expectativa é que em 2008 esse percentual suba ainda mais. Para alguns tipos de crimes, o crescimento do índice pode atingir inacreditáveis 300%.
A cidade, que por um estudo conduzido pela polícia, é a terceira área metropolitana mais perigosa do país para pedestres, deu mais uma prova no último fim de semana como a situação está crítica. No sábado, duas jovens foram assaltadas enquanto caminhavam numa área residencial, próxima a condomínios de luxo e plazas, por dois homens que chegaram em um carro e as ameaçaram com uma arma. Os bandidos levaram jóias, celulares e um iPod. No domingo, duas casas foram invadidas em West Boca e um dos moradores passou uma hora sob a mira de um revólver.

“Realmente são crimes aos quais a população não estava acostumada, pois Boca Raton sempre foi um lugar seguro para se viver. A ação das gangs e dos marginais tem assustado muita gente”, admite um policial. Entrevistado por um programa de televisão da ABC, uma das principais emissoras dos EUA, ele revelou que teme diariamente pela sua vida e que já pensou em se transferir para outra corporação. O programa, aliás, dedicou pelo menos metade de seu tempo aos assassinatos ocorridos em 2007 no Town Center, o principal mall da região, que vitimou três pessoas: Randi Gorenberg, em março, e Nancy e Joey Bochicchio (mãe e filha), em dezembro do mesmo ano.
Para piorar, um especialista alerta que os números da violência podem ser manipulados: “Há uma pressão política para que os índices apareçam menores do que realmente são, especialmente em cidades como Nova York, Atlanta ou Boca Raton. Por exemplo, um arrombamento de propriedade privada muitas vezes é classificado como vandalismo, só para não aumentar as estatísticas de um crime mais grave”, afirmou Fox Butterfield, no New York Times.

A verdade é que a sensação de insegurança já tomou conta de alguns moradores. Há poucos meses, um grupo de evangélicos – liderados pela igreja Church of All Nations – realizou uma corrente de oração pelas vítimas da violência da cidade, com o claro objetivo de chamar a atenção das autoridades para o problema. “Os meus filhos costumavam voltar a pé da escola, que fica a menos de três quarteirões de casa. Hoje eles voltam de ônibus escolar, mesmo demorando vinte minutos a mais. Nunca pensei que fosse ter esse tipo de preocupação aqui em Boca”, lamenta a brasileira Isaura Marques, que mora há 12 anos na Flórida.

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