Um partido de esquerda radical, o Syriza, venceu no domingo (25) as eleições legislativas na Grécia, realizadas para formar um novo governo no país, tornando-se o primeiro partido antiausteridade a assumir o poder na zona do euro. O resultado do plebiscito torna mais tensas as relações entre os países integrantes da União Europeia.
O Syriza, uma união feita em 2004 de várias tendências de esquerda, indicará como primeiro-ministro Alexis Tsipras, um político de 40 anos que fez campanha criticando credores e prometendo resgatar a “dignidade” da Grécia.
Ao discursar após o resultado, ele mandou um recado para a Europa: a “troica”, o programa de recuperação dos países em crise baseado em medidas de austeridade fiscal, ficou no “passado”. “A população grega fez história e deixou para trás cinco anos de humilhação e sofrimento. Vamos recuperar nossa soberania, com nossas propostas de negociação”, disse o líder de esquerda.
O resultado é um marco na história do país: um partido de esquerda radical assume o poder pela primeira vez em quase 200 anos de existência do Estado moderno grego.
Se a esquerda comemora, por outro lado as principais lideranças europeias assistem com apreensão à vitória de um partido que defende o perdão de 50% da dívida pública, hoje em torno de € 320 bilhões (175% do PIB), e uma moratória temporária do restante.
O seu programa promete mais benefícios sociais para os gregos, como energia de graça para 300 mil deles, moradias populares e extinção de impostos.
“A eleição na Grécia vai aumentar a incerteza econômica em toda a Europa”, declarou o primeiro-ministro britânico, David Cameron, após a divulgação do resultado.