Histórico

Waguinho do Cavaco

Waguinho do Cavaco prepara lançamento de seu primeiro CD solo

Na música brasileira, muitos músicos trazem no nome artístico o instrumento que tocam – é assim com Jacob do Bandolim ou Jackson do Pandeiro, apenas para citar dois deles. Da mesma forma, Waguinho e o cavaco são indissociáveis. Mas há um detalhe surpreendente sobre o carioca da gema Wagner Barreto Valentim: ele toca muitos outros instrumentos, desde banjo a percussão, passando por violão e contrabaixo. “Eu só não tenho muita familiaridade com o teclado”, admite Waguinho do Cavaco, com seu sotaque carregado de quem cresceu na favela do Complexo do Alemão, na cidade do Rio de Janeiro.
Foi lá, numa comunidade encravada no tradicional bairro de Ramos, que Waguinho teve seu primeiro contato com o samba desde criança. Como não podia ser diferente, o ainda adolescente se apaixonou pela batida da bateria da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense e, em pouco tempo, fazia parte dos músicos da agremiação que conquistou o bi-campeonato do Carnaval do Rio de Janeiro no início da década de 80.

E o talento do jovem Waguinho começou a se desenhar quando, identificado com o cavaquinho, passou a tomar aulas com alguns mestres do instrumento na Zona da Leopoldina. “Aquele é um dos berços do samba e o melhor local para um moleque como eu, na época, aprender o ofício”, lembra o músico. O Cavaco foi, então, incorporado ao nome.

Nestes mais de 20 anos de carreira, Waguinho já tocou com muitos músicos consagrados, entre eles Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Dona Ivone Lara e outros. No entanto, há cerca de cinco anos, ele decidiu correr em direção ao sonho de morar nos Estados Unidos e fazer sucesso no exterior: “Acho que todo artista deseja isso. Escolhi Miami porque a cidade se parece muito com o Rio – sol, praia, alegria e mulher bonita”, justifica ele, que nas temporadas americanas ficam em Miami Beach.

Hoje, ele é um nome consagrado no cenário internacional, tanto que costuma se apresentar com freqüência em Nova York e Miami, além de já ter feito shows em vários países da Europa e América do Sul. Um de seus orgulhos foi mostrar sua arte em Montreux, tocando ‘Brasileirinho’ para uma platéia em êxtase, principalmente quando ele colocou o instrumento nas costas. Sobre esse dia, Waguinho recorda de sua emoção e destaca um dos motivos para o seu sucesso. “Há muitos músicos bons no Brasil, mas ninguém é capaz de arriscar os malabarismos que eu faço com um cavaquinho”, afirma, sem falsa modéstia.

Outra de suas virtudes é mesclar a sua música com ritmos diversos, como o rock e o pop. Para ele, o mundo hoje quer explorar o mix entre os mais variados sons e, talvez por isso, ele já tenha buscado parcerias com os Titãs e com o seu padrinho musical, Gilberto Gil, por exemplo. Waguinho, aliás, se prepara para lançar o seu primeiro CD solo, cuja participação de convidados espelha bem o que ele quer dizer com ‘mix’. Entre as faixas do novo trabalho, destaque para as presenças do saxofonista Paul Winter, do astro do hip-hop Fury e do funkeiro MC Playboy, seu conterrâneo do Morro do Alemão. O CD deve ser lançado em outubro deste ano, simultaneamente nos EUA e no Brasil.

Até lá, o público do sul da Flórida vai poder conferir os malabarismos de Waguinho e seu cavaco em vários shows – o primeiro deles no dia 2 de agosto, no restaurante Feijão com Arroz. Além disso, ele estará também no Brazilian Day, em Nova York.

Mas o grande projeto do brasileiro no momento é uma escola de música – Truque do Samba – voltada a crianças carentes da Rocinha, no Rio. A iniciativa começa a sair do papel e Waguinho pretende ensinar um pouco do que sabe àquela comunidade, tentando com isso reescrever em outros jovens a mesma história de sucesso que ele está vivendo. “É fundamental que as pessoas entendam que as favelas não produzem somente marginais e tiroteios”, destaca o músico.

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