Histórico

Women in Distress comemora 24 anos de atuação nos EUA

Entidade que ajuda mulheres inicia projeto com a comunidade brasileira

A instituição responsável pela proteção a vítimas de violência doméstica no condado de Broward, ‘Women in Distress’, está começando um projeto com a comunidade brasileira, depois de 34 anos de existência na Flórida. Este foi o primeiro centro de proteção com atendimento a toda a família em todo o país e a entidade encoraja as mulheres que enfrentam este problema a pedirem ajuda e denunciar seus agressores, como forma de dissipar um mal que ainda assola silenciosamente a sociedade.

A ‘Women in Distress’, fundada em maio de 1974 para refugiar mulheres sem teto (homeless), nasceu em conseqüência de uma tragédia: uma moradora da Flórida foi morta a tiros pelo marido em frente aos filhos, depois de ter tentado abrigo em um albergue. “Ela foi ameaçada de morte e brutalmente ferida pelo companheiro. No entanto, no refúgio só era permitida a entrada de mulheres e, como ela não queria se separar das crianças, acabou voltando para a casa, onde morreu”, conta Suzana Munhoz, voluntária da ‘Women In Distress’.

Naquela época, um homem chamado Hugh Anderson cedeu uma modesta casa de três quartos para hospedar as vítimas destes crimes, cobrando apenas um simbólico aluguel de um dólar ao ano. Depois, os fundadores da agência compraram uma casa com 54 camas, com capacidade de abrigar famílias e não apenas as mulheres sem teto.

Em 17 de novembro de 1995 abriram-se as portas do Centro Familiar Jim e Jan Moran e a organização passou a prover serviços de atendimento a crises, terapias individuais e em grupos, classes para mães, atendimento e cuidados a crianças. O local tinha ainda um salão com 500 cadeiras para treinamentos, seminários e educação.

Suzana, que é responsável pela tradução do material da ‘Women in Distress’ do inglês para o português e espanhol, pede a ajuda da comunidade: “Precisamos de apoio de empresários e da sociedade em geral para obter espaço onde as voluntárias e vítimas possam se reunir”, explica Suzana. Segundo ela, a entidade aceita ainda doações de roupas e outros bens que possam ser úteis para diminuir o sofrimento destas mulheres. E Suzana vai além: “Quero apresentar a organização às brasileiras, pois sei que muitas passam por problemas e não buscam ajuda por falta de informação”, afirma a gaúcha, lembrando que os encontros da ‘Women in Distress’ para a comunidade acontecem periodicamente. Os contatos podem ser feitos através do telefone (954) 697-1501.

>b>Imigrantes engrossam estatísticas

Infelizmente, os casos envolvendo violência doméstica são mais comuns do que, a princípio, se imagina – e as estatísticas estão crescendo entre as imigrantes, e particularmente dentro da comunidade brasileira. A psicóloga Maria Lopez, de Miami, afirma que os dados oficiais mostram que pelo menos 25% das ocorrências deste crime nos Estados Unidos são praticadas contra estrangeiras, mas o número deve ser muito maior: “Muitas imigrantes não recorrem à polícia ou à ajuda especializada por medo, pois estão em situação irregular e temem a deportação”, diz a profissional, que está há 20 anos na América e já perdeu a conta de pacientes que atendeu nessa situação.
“Muitas não sabem que as vítimas de violência doméstica podem aplicar para o green card”, completa.

O advogado Max Whitney é outro que tem visto seu escritório receber um número cada vez maior de brasileiras que sofreram agressões físicas e psicológicas pelos próprios companheiros. “Recentemente fui procurado por uma jovem que só ficou duas semanas casada, pois o marido passou a agredi-la depois da lua-de-mel”, conta. Ele acredita que a situação econômica do país e as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes são dois fatores que estão contribuindo para o aumento dos casos de violência doméstica nos EUA. “Nestas horas, os problemas vêm à tona com facilidade e tudo começa com o abuso verbal”, explica o advogado.

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