Histórico

A dança dos técnicos e a volta de Scolari ao Grêmio

Jehozadak Pereira*

O Campeonato Brasileiro da Série A já vai para a 13ª rodada e 10 técnicos perderam os seus empregos – Ney Franco se demitiu do Vitória para assumir o Flamengo de onde foi mandado embora na 11ª o que mostra que o futebol brasileiro jamais progride em qualquer aspecto, seja dentro ou seja fora de campo. Se na Copa do Mundo protagonizamos o maior fiasco da história do futebol brasileiro, a plano prático o que se desenha é que por mais que revelemos talentos – e já faz algum tempo que a safra é fraquinha, franquinha, é que ficaremos por muito tempo atrás de alemães, holandeses e argentinos que vão dominar o cenário nos próximos anos. O festival de trocas começou logo na 1ª rodada. Veja quem já foi demitido:
Paulo Autuori – Atlético-MG na 1ª rodada
Vinícius Eutrópio – Figueirense na 2ª rodada
Caio Junior – Criciúma na 2ª rodada
Gilson Kleina – Palmeiras na 3ª rodada
Jayme de Almeida – Flamengo na 4ª rodada
Ney Franco – Vitória na 4ª rodada
Miguel Portugal – Atlético-PR na 5ª rodada
Gilmar Dal Pozzo – Chapecoense na 6ª rodada
Ney Franco – Flamengo na 11ª rodada
Marquinhos Santos – Bahia na 12ª rodada
Enderson Moreira – Grêmio na 12ª rodada

Mais do mesmo 2
Ney Franco pediu a conta no Vitória e assumiu o Flamengo com prazo de validade.

Mais do(s) mesmo(s)
Depois do Flamengo demitir Ney Franco e se socorrer de Vanderlei Luxemburgo que estava no ostracismo, na terça-feira, foi a vez do Grêmio recorrer a Luiz Felipe Scolari, um velho conhecido para tentar fazer o time reagir. Aparentemente Scolari não resistiu aos apelos de Fabio Koff que pessoalmente foi a São Paulo tratar como treinador a sua volta o Olímpico. Resta saber se Luiz Felipe Scolari vai mostrar que a tragédia da Copa do Mundo não passou de um acidente de percurso ou se vai ser mais um treinador com prazo de validade que será demitido tão logo acumule derrotas e empates. Os dirigentes brasileiros não se programam, não planejam, contratam mal e demitem pior ainda. Quando um técnico assume algum clube, já sabe que não precisará planejar nada pois não vai durar nada ali, logo, temos uma geração de treinadores ultrapassados e decadentes na maioria das vezes.

Um dia de fúria
Luiz Felipe Scolari é dos poucos técnicos de alto nível no mundo que podem alternar uma boa conversa com extrema rispidez. É capaz de ser doce num instante para explodir no outro, tudo com o objetivo de sacudir o seu time. A prova disto foi o sopapo e a fúria calculada contra o sérvio Dragutinovic que supostamente o xingou num jogo entre Sérvia e Portugal. Pegou uma punição leve e mesmo assim correu o risco de perder o seu emprego, mas não baixou o topete e nem se fez de rogado, pois ainda que os cartolas portugueses o demitissem, não lhe faltaria emprego, pois propostas até mais vantajosas do que a de Portugal não paravam de chegar. Depois veio a aventura do Chelsea e o boicote que sofreu por parte das estrelas do time. Quando treinava o Palmeiras, vivia as turras com parte da torcida, a quem apelidou de “turma do amendoim”, que o vaiava impiedosamente. A cada gol que o time marcava, Scolari se virava para a torcida e fazia caretas, quando não dava uma banana.

Passional
Scolari é daqueles que xingam o jogador o tempo todo e é capaz de dar um tabefe só para fazer com que ele jogue mais do que está acostumado, por causa da raiva. Com ele não tem nenhum melhor do que o outro e todos são iguais. Quando foi treinar Portugal falou todo o seu repertório de palavrões para Figo que chocado foi se queixar com a presidência da Federação Portuguesa que não lhe deu ouvidos. O resultado foi visto em campo, com Figo dando carrinhos e jogando com garra que não lhe é peculiar. Certa vez na véspera de um jogo do Palmeiras contra o Corinthians pela Libertadores mandou que os volantes e zagueiros do time pegassem Edilson. Os jornalistas de plantão no CT do Palmeiras deram destaque e ele desmentiu dizendo que não era daquele jeito. Edilson não jogou nada naquele dia, e o objetivo de Scolari foi alcançado – intimidar Edilson. Anos depois convocou e colocou Edilson para jogar na Copa do Mundo em 2002, mostrando que não guardava rancor. Com ele o time joga de um jeito ou de outro, e não é nenhuma novidade que jogue na base do grito e da pressão e para ele o que vale é a vitória.

Mais do mesmo 4
Dunga e Gilmar estão discutindo sobre bonés, cabelos e fones de ouvido. Planejamento? Nem pensar…

Engatinhando
Enquanto que na Europa, o futebol ferve com contratações e os devidos planejamentos para a temporada onde as projeções para os grandes clubes são feitas na casa dos milhões de dólares, no futebol brasileiro discute-se se Dunga e Gilmar Rinaldi tem razão em corneta as práticas de alguns jogadores na seleção da Copa do Mundo. Que importância tem para o futebol se um ou outro jogador usa o boné de lado ou se ele pinta o cabelo? De reformulação ninguém falou ainda e pelo andar da carruagem vai ficar para depois da próxima parada, se o Brasil não ficar pelo caminho…

*Jornalista. Texto originalmente publicado em jehozadakpereira.com.

Compartilhar Post:

Baixe nosso aplicativo