Histórico

Agentes da fronteira nos Estados Unidos são acusados de corrupção

Investigações mostram que policiais liberavam imigrantes em troca de dinheiro e sexo

As mais de duas mil milhas de fronteira entre os Estados Unidos e o México não estão livre da corrupção. Segundo dados da Customs and Border Protection, a maior agência federal americana de segurança, o número de agentes envolvidos neste tipo de crime aumentou em quase 300%, de 2007 para 2008. As estatísticas mostram que, só no ano fiscal de 2009, 20 policiais da fronteira já foram condenados por corrupção e há pelo menos outros 63 processos em fase de investigação para apurar a participação dos agentes em irregularidades.

Em 2007, a CBP registrou apenas oito casos de corrupção nos seus quadros. O número saltou para 21 em 2008. “A cada dia nossos agentes são confrontados com situações inusitadas e, na maioria das vezes, respondem não às propostas de corrupção. Mas estamos lidando com um ambiente de alto risco e, na verdade, estamos muito preocupados com esta situação”, revelou James Tomsheck, que trabalha na corregedoria (‘Internal Affairs’) da CBP. A preocupação tem motivo, pois desde 2004 já foram 90 agentes acusados de corrupção naquela agência. E para dar conta de tantas denúncias, o contingente de investigadores na corporação pulou de cinco em 2006 para 220 atualmente.

Entre os crimes mais comuns praticados pelos policiais está a troca de liberação de indocumentados e traficantes por dinheiro ou favores sexuais. Para o promotor Tim Johnson, é triste ver profissionais qualificados mudando de lado por tão pouco, mas garantiu que todas as denúncias são investigadas a fundo e os culpados pelo crime de corrupção são punidos exemplarmente. “Não podemos permitir que pessoas que devem trabalhar pelo cumprimento da lei e enveredam por outro caminho comprometam a nossa missão”, disse o promotor.

Para reduzir a incidência de profissionais corruptos, a CBP tem sido mais rigorosa no processo de seleção. Na última leva de contratação feita pela agência, quatro policiais foram impedidos de assumir seus postos porque o serviço de inteligência americana descobriu possíveis ligações destes agentes com o tráfico de drogas no México.

As autoridades temem que os grandes cartéis estejam infiltrando gente sua em vários setores da polícia. “Do ponto de vista destes criminosos é mais barato pagar alguns milhares de dólares para um official corrupto do que arriscar a perda de um grande carregamento de drogas numa operação”, afirmaram Scott Stewart e Fred Burton, especialistas de um serviço de inteligência privada que lida com casos na fronteira. Eles complementam o pensamento dizendo que estas propinas já fazem parte do cálculo dos negócios das drogas ilícitas que são trazidas para a América.

Um dos oficiais da CBP que foi flagrado aceitando corrupção estava endividado no cartão de crédito e em atraso no pagamento da pensão para os filhos. Ele confessou que receberia cinco mil dólares para deixar um mexicano entrar ilegalmente na América e que, por alguns momentos, chegou a desistir da transação. “Mas depois pensei nos meus problemas e aceitei. Afinal, todo mundo faz o mesmo”, admitiu.

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