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Após falas favoráveis a impeachment de Dilma, Serra e FHC voltam atrás

‘Impeachment é quando se constata irregularidade, e acho que essa questão ainda não está posta’, disse Serra, em Boston

Após falas favoráveis a impeachment de Dilma, Serra e FHC voltam atrás

DA REDAÇÃO (com Folha de S.Paulo) – Dois personagens do universo tucano da mais alta plumagem parecem ter repensado suas posições em relação a um apoio a um possível impeachment da presidente Dilma Rousseff. No sábado (18), em palestra na Universidade Harvard (em Boston, no Massachusetts), o senador José Serra (PSDB-SP) disse que “impeachment não é programa de governo de ninguém” e defendeu que a oposição precisa ter responsabilidade.

“Impeachment é quando se constata uma irregularidade que, do ponto de vista legal, pode dar razão a interromper um mandato. E eu acho que essa questão ainda não está posta”, disse o senador.

Segundo Serra, o clima para o impeachment se deve ao desejo de “três quartos da população” que está insatisfeita. “É óbvio que a crise é toda responsabilidade do governo. Não é a ação da oposição, nem do Ministério Público, nem do Congresso”, afirmou.

O tucano defendeu que a oposição tem que se mobilizar em fazer denúncias, críticas e propostas. “Não dá para fazer de conta que o Brasil está sem problemas de médio e longo prazo.”

As afirmações se alinham com as do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que também no mesmo fim de semana da declaração dada por Serra, afirmou que um pedido de impeachment depende de fatos objetivos e que seria “precipitação” abrir um processo neste momento.

“Como um partido pode pedir impeachment antes de ter um fato concreto? Não pode!”, reagiu FHC, que participou de um seminário ao lado de outros ex-presidentes latino-americanos no Fórum de Comandatuba, no Sul da Bahia.

Sem citar especificamente o PSDB, o tucano afirmou que “não faz sentido” que os partidos antecipem esse movimento enquanto não houver decisões de tribunais ou provas concretas de irregularidades cometidas pela presidente.

“Impeachment não pode ser tese. Ou houve razão objetiva ou não houve razão objetiva. Quem diz se é objetiva ou não é a Justiça, a polícia, o tribunal de contas. Os partidos não podem se antecipar a tudo isso, não faz sentido”, declarou. “Você não pode fazê-lo fora das regras da democracia, tem que esperar essas regras serem cumpridas. Qualquer outra coisa é precipitação.”

Contrários a Aécio
As falas de Serra e FHC contrariam o presidente do PSDB, Aécio Neves, que disse na quinta (16) que a sigla pedirá o impedimento da presidente Dilma Rousseff caso se comprove a participação dela nas chamadas “pedaladas fiscais” – manobras feitas pelo Tesouro com dinheiro de bancos públicos para reduzir artificialmente o deficit do governo em 2013 e 2014.

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