Campanhas de pré-candidatos arrecadam mais que o PIB de alguns países africanos
A oito meses da eleição presidencial norte-americana, os candidatos já arrecadaram quase um bilhão de dóalres para suas campanhas, o que significa uma quantia superior ao Produto Interno Bruto (PIB) de vários países africanos. A disputa excepcionalmente longa desta vez – que já dura mais de um ano – acaba movimentando mais dinheiro, especialmente entre os democratas, que estão superando todos os recordes.
Mesmo ficando para trás, os republicanos somam dezenas de milhões de dólares e ainda têm bastante tempo para arrecadar mais até a eleição de 4 de novembro. Entre janeiro de 2007 e fevereiro de 2008, os candidatos arrecadaram conjuntamente 814 milhões de dóalres. A cifra bilionária deve ser atingida até o final deste mês, segundo analistas. “Os EUA estão realmente dando um grande passo à frente em termos de gastos nas suas eleições”, disse Steve Weissman, do Instituto de Finanças de Campanha, entidade de pesquisas ligada à Universidade George Washington. Weissman disse que os três principais candidatos -o republicano John McCain e os democratas Barack Obama e Hillary Clinton – estão arrecadando juntos pelo menos US$ 100 milhões por mês, e gastando até 93% do que arrecadam.
Para efeito de comparação, sete países africanos (São Tome e Príncipe, Guiné-Bissau, Gâmbia, Comores, Seicheles, Libéria e Djibouti) têm individualmente um PIB inferior a US$ 1 bi, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). Embora tenham o cuidado de não criticar o processo político norte-americano, algumas pessoas em entidades humanitárias citam possíveis usos para tanto dinheiro. “150 milhões de dólares adicionais poderiam garantir que 10 milhões de meninas recebessem uma educação de qualidade ou ainda ajudariam a garantir uma gravidez e partos seguros para 30 milhões de mulheres em 10 países”, disse Deborah Neuman, vice-presidente-sênior de desenvolvimento de recursos da Care.