Marta Ramos

Dias de Vinhos e de Rosas

Marta e Melina
Marta e Melina

Vocês se lembram da música “Days of wine and roses”, do filme com o mesmo nome e que ganhou o Oscar de melhor canção original? É uma música melodiosa, suave, que serve perfeitamente para ilustrar o que foram os dias que passei nos vinhedos da minha família, no interior do Chile. Fui para lá bem na época da colheita, as videiras carregadas de cachos enormes, as uvas docinhas, as roseiras desabrochando rosas deslumbrantes, até a poeira dos vinhedos é perfumada.

O barulho das colheitadeiras, alto e possante, que dura o dia inteiro, entrando pela noite adentro, até alta madrugada, porque os vinhedos são enormes e as máquinas poucas em relação e urge colher toda a produção antes que sequem no pé, este barulho das máquinas, repito é música para meus ouvidos.

Sou apaixonada pela terra, pelo cultivo dela e seu trato, tudo que se relaciona com ela, e quando chega a colheita, não sei não…Parece que reencarno aqueles camponeses celtas que festejavam as colheitas com danças, festas,banquetes e muito vinho,porque também sinto muita alegria, muita gratidão à natureza fecunda,farta e benfazeja, e tenho vontade de festejar, beber muito vinho, cantar, brincar…

É sério: amo mesmo tudo isto. Não só eu e os celtas, todos os povos festejam as colheitas, até os perecidos índios americanos, que coitadinhos, sobraram muitos poucos para dançar ao redor das fogueiras. Sim, porque eles festejavam o final das colheitas e inspiraram os colonos ingleses que vieram para a América a consagrar um dia para festejar também: o tradicional dia do Halloween. Vocês reparem aí nas fotos, as roseiras que são plantadas no começo de cada fileira de videiras. Não são enfeite são necessárias pelo sinal que dão se tiver alguma praga ameaçando o vinhedo, porque por sua fragilidade adoecem em primeiro lugar e aí se tem tempo de salvar as videiras. Reparem também na beleza das paisagens chilenas, dos vinhedos,onde a gente ia caminhar colhendo cachos das uvas doces das mais variadas cepas,merlot,cabernet sauvignon,pinot noir, chardonay, cabernet franc e outras mais, e andávamos saboreando as uvas colhidas na hora nas vinhas, que maravilha! Numa foto, vemos minha irmã Cecília e minha afilhada Melina colhendo uns cachos, noutra estou eu, Melina e o Lesky,o membro mais mimado da família, cachorro de raça australiana, que adora correr atrás das lebres dos campos.

Os vinhedos são banhados por córregos de águas limpíssimas que correm dos degelos das neves dos  Andes, vejam aí na foto. Olhem o tamanho das colheitadeira são altíssimas porque entram por cima das fileiras das vinhas e por aspiração, vão colhendo só as uvas, deixando os galhos e as vinhas inteiras. Para vocês entenderem, é como se “cavalgassem as vinhas”. Quando estão abarrotadas, as máquinas se dirigem para os caminhões tipo baú, levantam a caçamba e despejam as uvas. Antes, esta colheita era manual e os pintores clássicos sempre a retrataram em milhares de quadros,como a gente vê nos museus. O ritual de colher as uvas e fazer o vinho é algo que vêm de milênios, faz parte da história da civilização. Vinho faz um enorme bem para nossa saúde e eu devo estar com a minha nos trinques porque bebi vinho todos os dias que passei lá,os excelentes vinhos produzidos nos vinhedos de San Rafael, muitos deles premiados e medalhados da Vinícola Via Wines,de propriedade do meu cunhado chileno ,de tradicional família de vinicultores chilenos. Dentre os muitos rótulos das mais variadas cepas, devo ter experimentado uns…ah, deixa para lá! Só digo, que na aconchegante “Casona”, a elegante mansão principal com a lareira acesa à noite, o gostoso friozinho do campo e o agradável bate-papo familiar quem resistir há de? 

Na próxima coluna, continuação dos “Dias de vinho e rosas”.

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