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Aumento de seqüestros assusta indocumentados

Aumento de seqüestros assusta indocumentados

A situação nos Estados Unidos não está boa para os imigrantes. O ICE, divisão policial do Serviço de Imigração dos EUA, vem agindo com rigor para prender estrangeiros indocumentados, a emissão de uma carteira de motorista é quase impossível para quem estiver fora de status, e a economia está no fundo do poço, dificultando a oferta de empregos até mesmo para os próprios americanos.

Tudo isso deveria servir de alerta para que as pessoas evitassem, ou pelo menos adiassem, a vinda para a América do Norte através de rotas não ortodoxas. Porém, o país ainda exerce encanto sobre as pessoas e muitas que querem entrar nos Estados Unidos pela fronteira do México tem de se submeter aos atravessadores de gente, os chamados “coiotes”.

Se a travessia via fronteira do México sempre foi uma aventura arriscada, agora se tornou quase uma irresponsabilidade, com a bandidagem praticada pelos tais “agentes”. Vem sendo cada vez mais comuns casos de imigrantes que se tornam vítimas das máfias dos coiotes e entre eles estão alguns brasileiros.

Recentemente, a comunidade ficou sabendo de alguns casos escabrosos. Em uma reportagem publicada esta semana no jornal Comunidade News, de Connecticut, está o caso de Norival Gonçalves dos Santos, mineiro de Governador Valadares, que está sendo mantido como refém há três meses pelo “coiote” brasileiro de apelido “Peroba”, que envia entre 20 a 30 pessoas por mês para os Estados Unidos através do sistema de travessia ilegal.

Como se trata de bandidos, os “coiotes” são frios e não libertam o refém se, por acaso, não recebem o dinheiro combinado, ou por qualquer outro motivo, uma vez que eles passam a ser os donos das vidas das pessoas.

O caso de Norival não é o único. Aqui na Flórida dois irmãos, que preferiram não se identificar, ficaram uma semana retidos e sendo maltratados pelo tal “coiote”, que inclusive os ameaçou de morte.

Mexicanos sofrem muito

O negócio de “compra e venda” de seres humanos é ainda mais assustador para os mexicanos indocumentados seqüestrados por contrabandistas que os mantêm em casas de segurança em Phoenix, capital do Arizona.

Este tipo de atividade criminosa estâ em alta. Em 2007, foram apresentados 224 casos relacionados com seqüestros, a maioria dos quais envolve tráfico de indocumentados, diante de 117 em 2006, crescimento de 90 por cento.

Phoenix é considerada pelo Serviço de Imigracão e Aduanas (ICE) como a “capital” das casas de segurança no país, onde são retidos os indocumentados até transladá-los a seu destino final ou à espera do pagamento de um resgate.

Relatórios sobre a localizacão das também denominadas casas-bodegas e o resgate de imigrantes indocumentados são freqüentes por parte da Polícia de Phoenix e do Departamento de Segurança Pública do Arizona, entidades que fazem parte da recém-formada multiagência IMPACT, cujo objetivo é investigar delitos relacionados com o tráfico de indocumentados.

“Os traficantes chamam os indocumentados de ‘frangos’. Para estes criminosos os imigrantes deixam de ser seres humanos e se convertem em ‘gado’ que compram e vendem”, assegurou Al Rodríguez, investigador do Departamento de Polícia de Phoenix e membro da IMPACT.

Explicou que cada vez são mais comuns os casos de organizações criminosas que operam utilizando “ganchos”, pessoas que do lado mexicano se encarregam de persuadir os potenciais indocumentados a cruzar a fronteira. “Prometem levá-los a cidades como Nova York, se pagarem somente US$1,000”, informou Rodríguez.

O que estes imigrantes não sabem é que mesmo antes de cruzar a fronteira já foram “vendidos” a outros contrabandistas, que os têm presos nas casas de segurança em Phoenix, e exigem deles entre US$1,500 e US$2 mil extras pela liberação. “E comum intimidá-los com armas, bater neles, tirar suas roupas e sapatos e até mesmo ameaçar estuprar as mulheres, se não pagarem o dinheiro”, comentou o investigador.

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