Histórico

Banco central americano injeta mais de um trilhão de dólares na economia

Dinheiro de operação ousada servirá para a compra de títulos públicos e hipotecários

O Federal Reserve (Fed) anunciou que vai colocar em prática uma operação arriscada, mas que representa mais uma cartada para debelar a crise que assola os Estados Unidos há alguns anos: O banco central americano comprará pela primeira vez títulos do Tesouro de longo prazo, assim como mais títulos hipotecários e de dívida, num valor total superior a 1,15 trilhão de dólares. O objetivo é baratear o crédito para o consumidor e, com isso, aquecer especialmente o mercado imobiliário nos Estados Unidos.

O imediato efeito da iniciativa do Fed é reduzir a taxa básica de juros a longo prazo, que são as que determinam o custo dos empréstimos imobiliários, de consumo e das empresas. O banco central americano estudava a compra de títulos públicos há quatro meses, mas o anúncio tomou Wall Street de surpresa, e a Bolsa de Nova York subiu mais de 2% logo após o anúncio feito pelo presidente da instituição, Ben Bernanke. Ao mesmo tempo, o dólar caiu mais de 2% frente ao euro, porque o Fed fará o pagamento das novas compras através da emissão de mais dinheiro, o que desvaloriza a moeda. Após uma reunião de dois dias para analisar a economia, o Fed também manteve a taxa básica de juros entre 0 e 0,25%, nível no qual está desde dezembro, uma decisão esperada. Os analistas preveem que os juros se mantenham nesse mínimo recorde pelo menos durante todo este ano.

A maior novidade do anúncio foi a aquisição das letras do Tesouro por um valor máximo de 300 bilhões de dólares nos próximos seis meses, com o objetivo de “ajudar a melhorar as condições nos mercados de crédito privado”. Essa intervenção reduzirá o custo de qualquer tipo de empréstimo, pois os juros dos títulos públicos a longo prazo são utilizados como referência nos Estados Unidos.
Imediatamente após o anúncio, a rentabilidade dos papéis públicos para dez anos caiu em 0,47 ponto percentual, para 2,54%, diante da perspectiva da entrada do Fed no mercado. O mesmo ocorreu no Reino Unido, onde a compra de dívida do Governo pelo Banco da Inglaterra (autoridade monetária) desde 5 de março fez os juros diminuírem.

Alguns analistas indicam a que a medida traz risco, especialmente se os investidores estrangeiros considerarem essa rentabilidade muito baixa e colocarem o dinheiro em outro lugar, o que tornaria mais oneroso para os Estados Unidos financiar o enorme déficit do país. O Federal Reserve também enfatizou em seu comunicado a fragilidade da economia americana, o que justifica as medidas “para dar um maior apoio ao crédito hipotecário”.

O banco central ampliará sua intervenção direta no setor imobiliário com a compra de títulos hipotecários adicionais no valor de 750 bilhões de dólares, o que elevará as aquisições desse tipo de valores para 1,25 trilhão de dólares este ano. Além disso, aumentará em 100 bilhões de dólares as compras de dívida garantida pelos gigantes imobiliários Freddie Mac e Fannie Mae, que são agora controlados pelo Governo, até um total de 200 bilhões de dólares este ano. Além disso, o Fed disse que é provável que amplie um programa que conta com um trilhão de dólares para oferecer crédito às famílias e às pequenas empresas, e inclua outros tipos de empréstimos.
Em seu comunicado, o Comitê do Mercado Aberto do Fed, que determina a política monetária, constatou que a economia americana segue em contração desde janeiro, quando ocorreu sua última reunião. O Comitê afirmou que as exportações diminuíram, já que os parceiros comerciais americanos entraram em recessão.A linguagem usada foi vaga para dizer que as medidas do Federal Reserve, “junto com o estímulo fiscal e monetário, contribuirão para se retomar gradualmente o crescimento econômico sustentável”, previsto por Bernanke para o início do ano que vem

Você sabe quanto é um trilhão de dólares (ou $ 1.000.000.000,00)?

– Se você gastar um dólar por minuto, precisará dos próximos 31 mil anos para gastar todo o dinheiro

– Vamos pensar em um trilhão em notas de cem: ao todo são 10 bilhões de cédulas, que pesam juntas nove mil toneladas e, se empilhadas, teriam a altura superior a 500 mil milhas

– O dinheiro permite
a compra de 250 milhões de Big Mac

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