Histórico

Brasileira morre após fazer cirurgia plástica em clínica de Boca Raton

Adriana Silva teve morte cerebral e foi mantida viva com ajuda de aparelhos durante 19 dias

Joselina Reis

Adriana Silva

A brasileira Adriana Silva, de 39 anos, morreu após passar por uma série de cirurgias plásticas realizadas pela equipe médica da clínica estética New Look, em Boca Raton. De acordo com o advogado Daniel Harwin, que representa os dois filhos de Adriana, a brasileira acordou apenas por por alguns minutos no dia seguinte à operação, mas como seu caso não melhorou, ela foi levada para um hospital em Boynton Beach onde faleceu no dia 24 de abril.

Atraída pelos bons preços na Flórida, Adriana e o namorado, o brasileiro Wellington (ele divulgou apenas o primeiro nome), vieram de New York para a Boca Raton em duas oportunidades, a primeira em fevereiro para uma entrevista com a equipe médica e a última no dia 5 de abril. Segundo, depoimentos do namorado ao site R7, melhorar a aparência era o sonho da brasileira.

Em um único dia, a equipe médica da clínica fez quatro tipos de cirurgia em Adriana. Ela colocou silicone nos seios, levantou as mamas e ainda se submeteu a uma lipoaspiração e uma cirurgia no abdômen. A equipe levou cinco horas e meia fazendo todos os procedimentos sonhados por Adriana. Depois disso, ela ainda ficou na clínica por cerca de uma hora e meia, quando a equipe a liberou, mesmo estando desacordada. “Eles deveriam tê-la mantido sob vigilância. Um profissional qualificado deveria ter ficado ao lado dela até que ela se recuperasse totalmente da anestesia”, denunciou o advogado.

Adriana teria acordado por um breve momento e, como permanecia dormindo até a noite do dia seguinte, o namorado ligou para o médico responsável pela cirurgia, Daniel Zeickner, que afirmou ser “normal” ela dormir por longas horas. No entanto, o namorado chamou a ambulância.

A brasileira chegou a um hospital em Boynton Beach em estado crítico. Ela teve morte cerebral dias depois e foi mantida com ajuda de aparelhos até o dia 24 de abril. De acordo com o advogado, Daniel Harwin, a família doou os órgãos da brasileira. “Eles queriam que pelo menos alguma coisa boa pudesse ser feito depois dessa tragédia”, disse ele.

Harwin ainda aguarda o resultado da autópsia no corpo da brasileira, mas a equipe médica que tentou ajudá-la em Boynton Beach teria informado que a causa mais provável seria derrame. “Nós vamos investigar o caso. É um absurdo que casos como esse ainda estejam acontecendo na Flórida”, declarou o advogado que representa outras vítimas de erro médico durante cirurgias plásticas realizadas em clínicas pela Flórida.

Ele acusou os legisladores da Flórida de serem passivos em aprovar mudanças nas leis que possam oferecer mais segurança a pacientes no estado. “Mais uma família foi destruída. Nesse caso duas crianças menores de idade ficarão sem um dos pais por falta de uma legislaçao que não obriga essas clínicas a oferecerem um trabalho de qualidade”, desabafou o advogado lembrando que, no caso da clínica New Look, um dos erros pode ter sido a contratação de uma enfermeira anestesiologista ao invés de um médico anestesiologista.

Sem legislação que coloque regras mais duras para o funcionamento das clínicas de estética na Flórida, elas acabam usando vários meios para cortar gastos, o que compromete a qualidade das cirurgias, porém barateia os preços. O estado é conhecido por oferecer cirurgias plástica bem mais baratas que outros estados e por isso chamou a atenção de Adriana.

Versão do médico

O médico Daniel Zeickner, da clínica New Look, em Boca Raton, garantiu que seguiu à risca tudo o que exige a legislação da Flórida quanto à segurança e cuidados com os pacientes. “Fizemos tudo de acordo com o que é recomendado. Nada, durante a cirurgia, nos fez pensar que algo como isso poderia acontecer”, disse ele, revelando ainda que estava arrasado. “Eu peço desculpas. Isso nunca aconteceu antes!”, disse ele por telefone.

Zeickner disse que também aguarda com ansiedade o resultado da autópsia no corpo da brasileira. “Só temos o que a mídia está falando. Quando sair o resultado também quero tornar a informação pública. Eu me sinto horrível!”, frisou o médico, voltando a afirmar também que tem pensando continuamente na família da brasileira.

Quanto à denúncia de que a clínica New Look, para cortar gastos, teria contratado uma enfermeira anestesiologista ao invés de um médico anestesiologista, o médico não quis comentar o assunto. “Não posso falar pelos outros”, finalizou.

Adriana Silva tinha dois filhos, Kevin, de 5 anos, e Karoline, de 13 anos. Os dois vieram até à Flórida para um encontro com os advogados e mídia no dia 2 de maio, depois disso eles partiram ainda na mesma semana para o Brasil onde devem viver com a família da mãe.

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