Histórico

Brasileiro confundido com criminoso foi atacado até por cão policial

Juarez da Silva não teve tempo de se identificar e levou mais de 20 pontos pelo corpo

O mineiro Juarez Gabriel da Silva estava no lugar errado, na hora errada. Confundido com um suspeito de ter agredido uma mulher na vizinhança, o brasileiro foi cercado – e agredido – por mais de 20 oficiais, algemado e ainda atacado por um cão policial (K-9). Quando conseguiu, finalmente, apresentar seu passaporte e comprovar que não era um criminoso, os agentes lhe pediram desculpas e perguntaram se ele precisava de atendimento médico, já que estava sangrando e em estado de choque. “Isso foi o maior absurdo, pois depois de tudo o que fizeram ainda tiveram a cara-de-pau de questionar se eu queria que chamassem uma ambulância”, revoltou-se Juarez, que até a manhã do dia 31 de agosto ainda estava internado no Broward Hospital. Ele agora quer ser ressarcido pelo mal que sofreu e já procurou um advogado na área criminal para entrar com uma ação.

Tudo aconteceu em 27 de agosto, por volta de 8 da manhã, quando Juarez falava ao telefone na varanda da casa onde mora, quase na esquina da Sample Road, em Pompano Beach. De repente, ele viu a aproximação de cerca de dez carros polícia e não teve tempo nem de se explicar: “Os oficiais se aproximaram gritando e me algemaram, sem qualquer chance de reação. Um deles soltou um pastor alemão que me mordeu em várias partes do corpo”, conta o mineiro de Mendes Pimentel, uma pequena cidade próxima a Governador Valadares. Levado para o Broward Hospital, ele demorou quatro horas para ser atendido e recebeu mais de 20 pontos nos braços, pernas e barriga. Na sexta-feira, dia 31 de agosto, ele ainda sofria com as dores pelo corpo todo.

Os amigos de Juarez estavam revoltados. Um deles, o também mineiro Nélio, afirmou que, em conversa na porta do hospital, um dos policiais confessou que a descrição do suspeito era exatamente igual à do brasileiro. “Mas isso não justifica a atrocidade que eles cometeram. Isso é crime e só aconteceu porque o Juarez vive numa região cheia de imigrantes”, esbravejou Nélio, que deu força para o colega procurar um advogado e processar a polícia. De fato, a paralegal de um escritório de advocacia que atende a comunidade – que preferiu não se identificar – admite que o caso pode ensejar uma ação: “Pelos fatos narrados, há indícios de uso excessivo de força e a vítima pode receber indenização”, afirmou.

Aos 24 anos e trabalhador da construção civil, Juarez deverá ficar ainda outros dias sem poder comparecer ao emprego, e portanto sem dinheiro. A conta do hospital será paga pela polícia, mas ele está preocupado com algo ainda mais sério: “No Brasil nunca sofri com a violência e agora não sei se vale ficar nos Estados Unidos sendo tratado desta maneira”, disse o mineiro, que está há dois anos na América.

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