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Bush visitará área da tragédia e ordena revisão de pontes nos EUA

da Folha de S. Paulo
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, visitará neste sábado a região de Minneapolis onde pelo menos quatro pessoas morreram e dezenas ficaram feridas por causa da queda de uma ponte, o que levou às autoridades a ordenar hoje a revisão de construções do mesmo tipo em todo o país.

A Casa Branca confirmou hoje que o presidente viajará no sábado (4) ao local e um dia antes sua mulher, Laura Bush, se deslocará para o lugar para visitar aos feridos e familiares das vítimas fatais.

O anúncio do governo foi divulgado no momento em que as autoridades federais dos Estados Unidos ordenaram a revisão de todas as pontes do país que sejam similares a que caiu nesta quarta-feira em Minneapolis.

A ordem foi emitida pela secretária de Transporte Mary Peters e foi enviada imediatamente à Administração Federal de Estradas.

Fontes oficiais assinalaram que Peters pediu às autoridades dos departamentos de transporte de cada estado a fazer inspeções exaustivas das pontes que contenham uma estrutura similar à de Minneapolis.

Essa ponte foi declarada “estruturalmente deficiente” há dois anos, reconheceram hoje as autoridades.

Essa qualificação significa que deve ser vigiada e que deve ser estudada uma substituição, mas não que não se possa utilizar, disseram as autoridades.

No entanto, os governadores de pelo menos quatro estados (Illinois, Minnesota, Iowa e Pensilvânia) se anteciparam à ordem e decretaram revisões imediatas.

“Uma ponte nos Estados Unidos não pode cair. Temos que chegar ao fundo disto”, manifestou a senadora democrata pelo estado de Minnesota, Amy Klobuchar, em entrevista coletiva em Minneapolis.

Além disso, o governador de Nova Jersey, Jon Corzine, ordenou a inspeção dos 6.400 pontes no estado para verificar que são seguras para os cidadãos.

“Quero ter certeza de que as condições de todas nossas pontes estão sendo monitoradas. Se há alguma ponte insegura, deve ser fechada. A segurança em primeiro lugar”, disse o governador durante uma visita a um asilo para idosos.

James Oberstar, membro democrata da Câmara de Representantes e do Comitê de Transporte e infra-estrutura do Congresso, culpou a Casa Branca por reduzir os fundos solicitados há dois anos para melhorar pontes e estradas do país.

Oberstar disse que o presidente Bush “não apoiou um bom investimento no transporte terrestre” ao insistir em que se alocassem apenas US$ 2 bilhões na reconstrução de pontes em vez dos US$ 3 bilhões solicitados.

Enquanto isso, homens rãs continuaram hoje procurando nas águas do rio Mississipi mais vítimas do desabamento, com a certeza de que seu número aumentará, porque há pelo menos 20 desaparecidos.

Os esforços foram feitos apesar da turbulência das águas e dos redemoinhos que se formam entre os restos retorcidos das vigas da ponte e os pedaços de concreto do que foi um trecho da ponte, disseram testemunhas dos trabalhos.

“Há mais de dez veículos no rio”, disse Jim Clack, diretor do Corpo de Bombeiros. “Já não é uma operação de resgate, mas uma operação de recuperação de corpos”, acrescentou.

“Trata-se de imagens horríveis. Nesse automóvel que se vê ali entre os escombros está o primo de alguém, o irmão ou o esposo. Graças a Deus isto não foi pior”, disse aos jornalistas o prefeito de Mineápolis, R. T. Rybak.

O pessoal de resgate encontrou nesta quinta-feira “vários corpos’ de pessoas atingidas entre os restos dos automóveis e a ponte, informou em entrevista coletiva o chefe de polícia Tim Dolan.

Entre eles estava um indivíduo que “falou com o pessoal médico e conseguiu ainda dizer adeus a seus entes queridos antes de morrer”, relatou Dolan.

No total, 79 pessoas foram levadas para os hospitais da região, 55 delas em ambulâncias, e, segundo a Guarda Litorânea, entre 30 e 50 veículos seguem na água.

Ainda se desconhece a causa da queda da ponte, que ocorreu em hora de grande movimento, embora o Departamento de Segurança Nacional disse que não há indícios que foi um atentado terrorista.

Há sinais sim de defeitos na estrutura desde que em 2001 o Departamento de Transporte de Minnesota constatou “vários problemas de fadiga”.

Quando a estrutura afundou, oito empregados trabalhavam na substituição de certas partes de cimento, no acostamento e na iluminação.

O presidente do Conselho Nacional de Segurança no Transporte, Mark Rosenker, disse na entrevista coletiva que 19 engenheiros de pontes e estradas, assim como especialistas em materiais, estão em Mineápolis para determinar a causa do acidente.

“Esperamos poder encaixar de novo tantas partes (da ponte) como possamos, como um quebra-cabeças”, disse Rosenker, estimando que sua agência demorará “cerca de um ano” para emitir seu relatório final sobre a causa do desabamento da ponte.

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