Os que são contra a reforma estão recebendo nota F
Reprovada. A Câmara de Deputados está na mira e a ponto de não passar no “exame”. Seu boletim de qualificações está em perigo por não apoiar a reforma imigratória. Sete organizações hispânicas advertiram na terça-feira (10) a Câmara Baixa que se mantiver seu desempenho atual tirará um “F”.
As organizações hispânicas decidiram ativar esta peculiar forma de pressionar os congressistas depois de a reforma imigratória ficar estancada pelos republicanos na Câmara de Deputados.
Os que podem respirar tranquilos são os senadores que obtiveram um grau acima por terem aprovado a reforma imigratória no final de junho passado.
O boletim de qualificações sobre o rendimento do Congresso tem um objetivo pela frente: chamar a atenção dos votantes para as eleições intermediárias previstas para novembro de 2014.
Ben Monterroso, diretor da entidade Minha Família Vota, explicou que as organizações pretendem emitir uma segunda qualificação durante o primeiro trimestre de 2014 e uma terceira e definitiva poucas semanas das eleições marcadas para novembro.
As organizações anunciaram que se esforçarão para que os votantes latinos recompensem nas eleições de 2014 os legisladores que têm apoiado uma reforma imigratória.
Max Sevillia, diretor de assuntos legislativos da Associação Nacional de Funcionários Latinos Eleitos e Designados, prognosticou em uma conferência de imprensa que em 2014 “a influência política da comunidade latina aumentará, e os latinos com capacidade de votar subirão para 25,2 milhões”. A comunidade hispânica foi chave em 2012 na reeleição de Obama.
O boletim emitido inclui uma qualificação positiva para o Senado por ter aprovado em junho um projeto de lei de reforma imigratória que inclui um caminho para a cidadania aos indocumentados, e identifica por nome e sobrenome aos senadores que votaram a favor e contra a lei.
Igualmente, identifica o voto de cada representante em um projeto de lei para eliminar os fundos para um programa criado pela Casa Branca para suspender as deportações dos dreamers.
A maioria republicana na Câmara Baixa adotou esta proposta na única votação convocada este ano no plenário sobre a reforma imigratória. Mas o projeto de lei terminou sendo uma declaração simbólica já que a maioria democrata no Senado se negou sequer a debatê-la.
“A Câmara Baixa ainda tem tempo para se redimir na imigração, mas precisa modificar seu desempenho e mostrar progresso imediato para que os votantes latinos e a nação aprovem os congressistas individualmente”, disse Bertha Alisia Guerrero, diretora de campanhas nacionais da Federação Hispânica.
Além do Fundo Educativo Minha Família Vota, a Federação Hispânica e a Associação Nacional de Funcionários Latinos Eleitos e Designados, as organizações que difundiram o boletim são o Conselho Trabalhista para o Avanço Latino-americano, a Liga de Cidadãos Latino-americanos Unidos, o Conselho Nacional de la Raza e o Voto Latino.
Os boletins de qualificação dos políticos são novidades entre as organizações hispânicas, mas foram empregados durante muito tempo por outros grupos como a Associação Nacional do Rifle, dedicada a defender o direito constitucional a portar armas.
Clarissa Martínez de Castro, diretora de imigração do Conselho Nacional de la Raza, indicou que, embora o boletim limite-se ao Poder Legislativo, as organizações manterão a pressão para que o governo federal “use todas as ferramentas para emendar seu recorde de deportações”. Segundo ela, “deve fazer mais”.
Apesar do boletim ser dirigido aos membros do Congresso e não incluir o presidente Barack Obama nem outro funcionário do governo federal, os ativistas destacaram que aumentarão a pressão para que a Casa Branca suspenda mais deportações por meio administrativo.
Desde que Obama chegou ao poder, as deportações alcançaram uma média anual sem precedentes perto das 400,000.