Histórico

Câmara estadual da Flórida aprova uso medicinal da maconha

Erva será usada no tratamento da epilepsia, câncer e outros males crônicos

DA REDAÇÃO, COM MIAMI HERALD — A Câmara dos Deputados da Flórida aprovou a legalização do uso limitado da maconha para fins medicinais, seguindo os passos de outros estados americanos onde a planta já é liberada para esse uso. Alguns tipos de maconha são importantes no tratamento da epilepsia, por exemplo, e a liberação pode aliviar a dor de milhares de floridianos que sofrem com a doença.

Observados pelas famílias das crianças com epilepsia que lotavam as galerias da Casa, os deputados estaduais aprovaram a proposta por uma significativa maioria de 111 a favor e 7 contra, e agora ela segue para o Senado estadual, onde também deve passar com facilidade. O governador Rick Scott já confirmou que assinará o projeto em lei assim que ele chegar à sua mesa em Tallahassee.

A Câmara votou depois de 45 minutos de debates acalorados entre os parlamentares de ambos os lados do plenário, que a princípio relutavam em aprovar uma medida ainda cercada de tabus, mas que por fim foram convencidos de que a sua aprovação teria um impacto imediato no salvamento de vidas humanas.

“Se não agirmos hoje, se não aprovarmos com todas as salvaguardas este projeto, essas crianças vão morrer”, disse o deputado Ray Pilon (R-Sarasota), ex-policial e um dos 34 parlamentares que redigiram o projeto de lei SB 1030, aprovado na quinta-feira (1º). “Eu estou implorando para vocês consultarem o seu coração. Faremos algum mal a essas crianças? Não creio. Temos nas mãos uma grande possibilidade de salvar as suas vidas? Certamente.”

Mais de 125 mil pessoas sofrem de uma forma grave de epilepsia na Flórida, e a nova lei autoriza os médicos a receitarem a cannabis com baixo teor de THC para o uso por pacientes que sofrem com ataques crônicos do mal. A Câmara também aprovou alguns tipos de cannabis para tratar o câncer, doenças que causam movimentos musculares involuntários, como o mal de Lou Gehrig, e outras enfermidades crônicas.

O deputado Matt Gaetz (R-Shalimar), principal autor do projeto, disse que `a lei` “é um passo cuidadoso no sentido de ajudar as crianças doentes sem que seja aberta uma porta muito larga para o uso inapropriado `da cannabis`.”

Cinco fornecedores, operando no mínimo há trinta anos no estado, deverão receber a licença para distribuir a droga. Os fornecedores terão de mostrar que podem cultivar a cepa não-eufórica da planta, possuir estabilidade financeira e passar por uma verificação de antecendentes.

Os pacientes que receberem autorização para o uso terão acesso à droga na forma de vapor oleoso, mas não podem fumá-la. A Câmara negociou com o Senado uma redução no número de males que poderão usar a maconha legalizada como terapia.

“Ainda que eu quisesse incluir aí Alzheimer e PTSD, concordamos com o Senado em incluir somente o câncer”, disse Gaetz. “Há certas exigências médicas para o uso da droga, que se você não cumpri-las estará na verdade cometendo um crime.”

O projeto também estabelece um rigoroso acompanhamento da lista de pacientes autorizados para o uso e requer que um médico ateste que o uso do THC em baixa dosagem deve ser receitado quando não há nenhum outro tratamento disponível. Os pacientes devem concordar com os riscos envolvidos na terapia.

A nova lei também autoriza a faculdade de Farmácia da University of Florida a conduzir pesquisas que descubram usos mais eficazes para a droga.

A emenda aprovada teve o apoio de Florida Sheriff’s Association, Florida Polices Chiefs Association, Florida Medical Association e a Florida Osteopathic Association.

A deputada Katie Edwards (D-Plantation), que organizou o massivo volume contendo documentos de pesquisas médicas provando o valor da maconha no tratamento de doenças crônicas, disse que “nunca pensei que conseguiríamos”. Com lágrimas nos olhos, ela conclamou os colegas a “apertarem o botão verde” e votar ‘sim’. “É a coisa certa a fazer!”

Antes da votação, Gaetz olhou para as famílias nas galerias e agradeceu a todos pela luta que travaram pelos filhos.

“Não estaríamos aqui agora se não fosse pelo amor dessa gente pelos seus filhos. É um amor extraordinário, um amor especial, do qual tanto precisam crianças muito especiais.”

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