Histórico

Cearense atua no CSI em Broward

Há um ano trabalhando na unidade de Davie, Juliana Andrade descobriu profissão por acaso

Brasileira reproduz na vida real as cenas eternizadas nos seriados de TV
Brasileira reproduz na vida real as cenas eternizadas nos seriados de TV

Joselina Reis

O seriado CSI (Crime Scene Investigation) na rede de TV CBS atrai milhões de telespectadores americanos e também brasileiros, mas uma brasileira assiste aos episódios de maneira diferente. Juliana Andrade, de 33 anos, entende o que os atores representam na telinha e conhece todos aqueles equipamentos e táticas de investigação. Há um ano ela faz o mesmo trabalho, sendo a única brasileira na polícia de Davie, cidade de 91 mil habitantes no condado de Broward.

Sobre como essa cearense de Fortaleza chegou até a profissão, ela garante que foi por acaso. “Passei sete anos entre um trabalhinho aqui e ali, aí um dia fiz um curso na área de justiça criminal e adorei”, conta Juliana que afirma ter um fascínio na sua área: “Eu quero descobrir quem é o culpado”, disse categórica lembrando àqueles tem algo a esconder da polícia de que “está ficando quase impossível cometer um crime perfeito”.

Juliana veio para os Estados Unidos há 19 anos, mas ainda guarda um pouquinho do sotaque cearense. Na Flórida, ela terminou o segundo grau (High School, em inglês) e depois disso não sabia muito o que fazer. Somente após dois anos de estudo na área de Justiça Criminal, Juliana percebeu que essa era a área que gostaria de atuar. Nos próximos dois anos ela concluiu o bacharelado na área e começou a galgar os degraus da carreira que tem detalhes bem peculiares como fotografar cadáveres em decomposição.

Carreira

A primeira etapa para chegar ao cargo que desejava foi conseguir um emprego na polícia. Para isso ela teve que passar por uma série de testes, entrevistas e até detector de mentira e checagem do seu crédito no comércio. Por um ano ela trabalhou como telefonista no Departamento de Polícia de Davie atendendo ligações do 911, e por outros cinco anos trabalhou na investigação de acidente de trânsito, somente em 2012 surgiu a vaga que ela queria, a de investigadora de cenas de crime (Crime Scene Investigator, nome em inglês). De novo ela passou para uma série de testes e finalmente pôde colocar o uniforme da CSI que ficou mundialmente famoso pela série de TV que está na sua 14ª temporada.

Nesses doze meses como investigadora, Juliana lembra que já viu muitas cenas e faz de tudo para esquecer. Como no caso do suicídio de Paul Andrade em Davie, em novembro de 2012. O homem conectou um cano entre o escapamento e a janela da sua van, colocou a filha de seis anos ainda dormindo no banco de trás, o cachorro no banco do passageiro, ligou o motor e trancou as portas. Os três morreram asfixiados em pouco tempo. “Foi muito duro ver a cena e fazer o relatório sobre isso. Casos que envolvem crianças me chocam, mas não podemos levar esse sentimento para casa”, relata.

De acordo com Juliana, todos os policiais que passam por situações de muito estresse, como o ocorrido em novembro de 2012, passam por aconselhamento psicológico em grupo assim que terminam seu trabalho. O cuidado com esses profissionais é grande, pois há casos de policiais que não conseguem suportar o estresse do dia a dia de trabalho e abandonam a profissão. “Antes de atender o caso em novembro de 2012, eles tiveram que ter certeza que o Paul Andrade não era meu parente, caso contrário eu não iria”, lembra.

Ela lembra também que é comum as mulheres policiais desistirem da carreira após terem seus filhos. “Os horários corridos e o estresse não deixam muitas alternativas para essas mulheres”, relata ela que ainda é solteira e não tem filhos.

Tirando as situações de estresse, Juliana só tem a comemorar sua nova empreitada. O departamento policial, segundo ela, oferece muitas vantagens financeiras e uma boa aposentadoria. “Trabalhar para o governo ainda é a melhor opção. Estou muito feliz aqui”, confirmou.

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