Histórico

Confissões de uma taxista brasileira em Miami

História de Maria é parecida com a de vários imigrantes brasileiros


Baiana Maria Rivera com seu táxi em Miami

Todos os dias Maria Rivera levanta cedo, toma banho e sai de casa para enfrentar mais um dia como taxista pelas ruas de Miami. Ela trabalha na região de Bal Harbour. Hoje Maria sorri contando sua história de luta em oito anos de América, com o greencard na mão e podendo ir visitar a família e os amigos no Brasil sempre que é possível. Mas nada veio fácil. Num mercado dominado por homens e, em sua maioria, haitianos, ela conta ao AcheiUSA um pouco da sua trajetória e de sua rotina como taxista estrangeira numa cidade turística.

Maria nasceu em Itabuna (BA) e é a número 10 de uma família de 20 irmãos, dos quais quatro vivem na Flórida. “Saímos da Bahia quando ainda éramos crianças e fomos para São Paulo com o sonho de uma vida melhor e ao mesmo tempo uma tentativa desesperada de superar as dificuldades causadas pela morte de minha mãe. Em 2000 uma das minhas irmãs se cansou de lutar e não chegar a lugar nenhum e decidiu tentar a vida em Miami. Logo em seguida eu e outras duas irmãs, resolvemos tentar também”, relata.

Ela e suas irmãs começaram como a maioria dos imigrantes: sem muitos recursos limpando casa, cozinhando, trabalhando de baby sitter, e levando cachorro para passear. “Viemos buscar nossos sonhos porque no Brasil estava difícil. Trabalhamos cinco anos ilegalmente sem poder voltar ao Brasil e fui a primeira tirar o greencard, em seguida, minhas irmãs conseguiram”.

Em 2001, Maria resolveu entrar para o mercado como taxista e, segundo ela, foi muito difícil porque não sabia inglês e o curso para tirar a licença durava 10 dias e era todo em inglês. Ela teve a ajuda de um amigo, passou no teste se tornou uma taxista que não sabia inglês e nada sobre a cidade.

“Com o tempo, aprendi tudo e hoje sou considerada uma grande profissional. É um mercado dominado por haitianos que são a grande maioria acredito que 90%, mas trabalhamos e brigamos juntos”.

Nos últimos cinco anos, o número de brasileiros que visita Miami cresceu muito e todos os dias brasileiros de diversos lugares entram no táxi de Maria e se sentem em casa quando são transportados por uma pessoa que fala a mesma língua. Sempre simpática, ao contrário de muitos motoristas que trabalham em Miami, Maria relata que a principal lição que aprendeu foi que todas as pessoas podem trabalhar em qualquer profissão e que todas as profissões são dignas. “No Brasil temos preconceito com alguns tipos de profissão e a América ensina que isso é bobagem. O importante é ganhar seu dinheiro com dignidade”.

Histórias para contar não faltam dentro de um táxi. “Casos engraçados são tantos que encheria uma página do jornal. Uma vez, fui para o aeroporto só com as malas e deixei o passageiro para trás”, conta Maria.

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