Antes de serem mandadas de volta para seus países de origem, as crianças que atravessam sozinhas a fronteira com o México ficam em abrigos e vão à corte judicial sem os pais
New York Times com Redação – Cerca de 700 crianças imigrantes ilegais aguardam em abrigos no Texas uma decisão judicial que na maioria das vezes significa deportação. A estatística é da organização não governamental ProBar (Pro Bono Asylum Representation Project) que oferece apoio jurídico e orientação a essas crianças que, na maioria das vezes, enfrentam a corte sem nenhum parente ao lado. O drama que elas enfrentam foi mostrado em um documentário feito pelo New York Times.
De acordo com a ProBar, não existe neste momento crianças brasileiras nos abrigos do Texas. É muito raro ver uma criança do Brasil por aqui, revela a diretora do ProBar, Meredith Linsky. Todas as 700 crianças nos abrigos estão desacompanhadas, sem os pais, e foram detidas pela polícia de imigração quando tentavam atravessar a fronteira sendo levadas por coiotes.
Esse é o caso da mexicana Liliana Munhoz, de seis anos. Os pais atravessaram a fronteira quatro anos atrás, mas a deixaram com a família no México. Este ano, eles resolveram pagar a travessia da filha. A tia que era responsável pela menina a entregou a um coiote, juntamente com outras crianças. No entanto, a chegada na fronteira com documentos falsos levantou suspeita dos policiais e Liliana e outros menores foram apreendidos e levados para abrigos onde não conhecem ninguém.
A situação dessas crianças, segundo a ProBar, não é diferente daquela vivida por qualquer outro imigrante ilegal. Crianças e adultos são tratados da mesma maneira. As leis de imigração não fazem distinção entre eles, lamenta a diretora do ProBar, Meredith Linsky. Segundo a diretora, a história da maioria se repete. Elas não falam inglês, têm baixa escolaridade, estão fugindo da violência em seus países de origem, estão traumatizadas com a travessia e os pais ilegais não possuem meios de pagar apoio jurídico.
Todos os anos, de acordo com informações da Probar, o Departamento de Imigração dos Estados Unidos apreende aproximadamente oito mil crianças indocumentadas. Apesar do número de imigrantes ilegais que atravessa a fronteira ter caído nos últimos anos, devido ao aumento da deportação e da fiscalização severa da patrulha de fronteira, o número de crianças desacompanhadas atravessando a fronteira tem aumentado. Esta estatística estaria indo na contramão dos imigrantes adultos presos pela polícia, e isso se daria porque os familiares já morando nos Estados Unidos tentam trazer os filhos depois de anos de separação.
Ajuda
Por lei, segundo a ProBar, é problema do imigrante procurar ajuda de um advogado. Neste caso, é problema de crianças como Liliana Munhoz, de seis anos, obterem apoio jurídico ou familiar. Em alguns casos raros, é possível conseguir uma brecha na lei e ser agraciado com o direito a algum benefício de imigração. Nesses casos, a Probar oferece ajuda gratuita.
Se for comprovado que a segurança da criança está em risco em seu país de origem, ela pode conseguir um status especial de imigração juvenil que permite a permanência nos Estados Unidos. No entanto, Meredith Linsky alerta que a maioria não tem essa sorte.
No caso da mexicana, Lilian Munhoz, os pais foram localizados na Geórgia e tiveram que ir até o Texas. A família finalmente pôde reencontrar-se, mas Liliana ainda está ameaçada de deportação. Os pais terão que escolher se decidem fazer o retorno voluntário ao México com a menina ou deixam que a Justiça a mande de volta sozinha. A data para revisão do caso ainda não foi acertada, segundo a diretora do ProBar, Meredith Linsky, que atualmente representa a garota.