Casal brasileiro (na foto com os filhos) obtém na Justiça a chance de permanecer legalmente nos EUA
Em época de caça aos imigrantes nos Estados Unidos, o que os brasileiros Tereza Pereira e Carlos Lima conseguiram foi um verdadeiro milagre: depois de duas ordens de deportação e um tempo na prisão, o casal, de Connecticut, finalmente conseguiu convencer o juiz da Corte de imigração de que a volta ao país natal, depois de 20 anos de América, seria extremamente difícil – especialmente para os dois filhos adolescentes. Assistida pelo advogado Michael Boyle, a família agora pode respirar aliviada, pois o processo de deportação foi interrompido e Tereza e Carlos vão receber o Green Card até o mês que vem.
O drama da família começou há pouco mais de um ano, quando Tereza foi presa, em sua casa em Danbury, por agentes da polícia de imigração americana (ICE), que estavam cumprindo duas ordens de deportação contra os brasileiros. Na verdade, os dois, que chegaram aos EUA em 1988, foram vítimas de erros cometidos por escritórios de advocacia durante o processo de legalização e, sem saber, eram considerados ‘fugitivos’. “Eu simplesmente não entendia o que estava acontecendo e só ficava torcendo para que tudo fosse um engano”, contou Tereza sobre a sua prisão, no início de 2007.
Depois de pagar fiança de 15 mil dólares e passar uns dias no centro de detenção para imigrantes em Maine, ela contratou o escritório de Michael Boyle para tentar reverter a situação. “Sabíamos que isso seria possível, pois o retorno ao Brasil poderia ser muito prejudicial aos filhos, em especial ao mais velho, Tiago, que está prestes a entrar para universidade”, disse o advogado, que usou como argumento o excelente desempenho de Tiago na escola. Normalmente a permanência na América em casos dessa natureza só é aprovada em situações extremas, como a de doenças ou necessidades especiais dos menores.
“O meu futuro é aqui, com a minha família. Isso foi o que eu sempre desejei”, afirmou Tereza, durante a audiência, há poucos dias. O depoimento arrancou lágrimas dos jurados, dos amigos da família – que lotaram as dependências da Corte – e até da pessoa encarregada da tradução. O momento mais emocionante aconteceu durante o testemunho do próprio Tiago, referindo-se ao seu irmão mais novo, de sete anos: “Bryan é americano, não iria se adaptar ao Brasil. Ele merece ser feliz, aqui”, disse.
Com o fim do pesadelo, que foi manchete nos principais jornais da região, Tereza pode voltar a pensar na sua empresa de limpeza, que ficou um tempo parada. E faz questão de falar sobre tudo o que aconteceu: “Sinto vontade de contar a minha história, para que os americanos entendam o sistema de imigração está falido. Ninguém quer ficar nesse país de forma irregular, mas infelizmente não há opções para muitos indocumentados”, finalizou Tereza.