Histórico

Dinheiro público pelo ralo

Em dois anos, foram criadas 71 frentes parlamentares inúteis no Congresso Nacional

ro da Educação, Fernando Haddad, dedicou pelo menos duas horas de sua apertada agenda para participar, no Congresso, do lançamento da Frente Parlamentar em Defesa do Piso Salarial dos Professores. Foi a 71ª frente criada por parlamentares em menos de dois anos. Há, hoje, em funcionamento na Câmara e no Senado, frentes parlamentares para todos os gostos e lobbies – desde as contrárias à legalização do aborto até as que tratam de temas específicos, como a regulamentação da profissão de mototaxista e motoboy.

A Frente Parlamentar em Defesa do Piso Salarial dos Professores está incluída naquela categoria de “frente da moda”, tamanha a banalização do expediente. Afinal, é de bom tom defender o estabelecimento do piso de 950 reais mensais para os professores de ensino básico, mesmo que os governadores sejam contra. “É uma loucura fazer uma frente para que uma lei aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente seja cumprida”, afirma o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), que participa de nada menos do que 17 frentes parlamentares, entre elas, a que defende o piso dos professores.

Essas frentes são criadas geralmente para atender a interesses específicos dos parlamentares, transformando-se em muletas eleitorais. Deputados e senadores não se arriscam, no entanto, a abrir frentes sobre temas polêmicos. O combate ao aborto é motivo de pelo menos quatro delas. Não há, no entanto, nenhuma em defesa da descriminalização do aborto. De maneira geral, os parlamentares sequer sabem quais frentes integram. “Já esqueci de quais faço parte. Só assino os pedidos, não participo”, admite o deputado Vic Pires Franco (DEM-PA).

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