Histórico

Dois meses depois, desaparecimento de brasileiro ainda é mistério

Novos detalhes sobre a investigação pouco acrescentam ao caso do milionário brasileiro Guma Aguiar, desaparecido no mar da Flórida

DA REDAÇÃO, COM INFORMAÇÕES DO SUN SENTINEL – Entre os objetos que estavam no barco do brasileiro desaparecido Guma Aguiar, que apareceu na costa boiando sem o seu dono milionário: uma caixa de orações em couro, com textos religiosos. Em casa, ficaram a aliança e o relógio.

As anotações feitas pela equipe de busca da Guarda Costeira americana deixam mais dúvidas que certezas a respeito do estado mental de Aguiar antes do que pode ter sido a sua última viagem. Os registros falam de um homem descrito como “instável” e “sob medicação antidepressiva”. O destino do brasileiro ainda é um mistério, mais de dois meses depois de seu desaparecimento.

Os relatórios da Guarda Costeira – divulgados em resposta a um requerimento do jornal Sun-Sentinel baseado no Freedom of Information Act – trazem mais detalhes sobre o investidor brasileiro de 35 anos, que foi visto pela última vez guiando seu barco sob mau tempo e ondas de até seis pés, ao entardecer do dia 19 de junho passado.

Os relatórios, compilados pela investigação de diversos agentes que participaram das buscas marítima e aérea por Guma e que duraram 48 horas, não sugerem um suicídio planejado ou nada demais, disse Darren Caprara, chefe de resgate do setor de Miami da Gurda Costeira americana.

“Os relatórios são apenas comentários baseados em relatos e notas dos agentes”, disse Caprara. “A única coisa de concreta são as coordenadas do GPS. Pelas câmaras de segurança, vimos Guma pegar o barco, e sabemos para onde ele foi e para onde o barco retornou sem ele.”

Uma das notas diz que “câmeras de segurança captaram ele saindo de casa com um objetivo” e “não muito mentalmente equilibrado devido às finanças `sic`.”

Em outra nota: “Livro de orações judaico `sic` – normalmente não levado” e “Discussão com esposa sobre divórcio/deixou relógio e aliança.”

Um terceira diz que “Todos os PFD (coletes salva-vidas) intocados.”

O barco de Aguiar encalhou sozinho na praia em frente ao Elbo Room, em Fort Lauderdale, como um barco fantasma, com os motores ligados, à 1:15 da manhã de 20 de junho, cinco horas depois de zarpar.

“Não sabemos de fato onde foi que alguma coisa deu errado”, disse Caprara. “Fizemos centenas de perguntas e colhemos os menores detalhes na busca. Ainda estamos tentando saber o que realmente ele foi fazer ali.”

Caprara afirmou ainda que a caixa de couro – usada pelos judeus durante as orações nos dias de semana, chamada tefillin – “é somente mais uma pista. Pode significar que ele tinha uma vontade justificada de viver, e que ele era uma pessoa altamente espiritual.”

A mãe de Aguiar disse que ela não sabia de nenhum ritual que o filho cumprisse quando navegava.

“Só posso especular que quando ele saiu de casa estava aborrecido e que levou consigo coisas que lhe trouxessem consolo,” disse Ellen Aguiar.

As notas divulagadas não possuem fontes declaradas e nem são assinadas. Algumas contêm erros. Por exemplo, não há nenhum caso de divórcio aberto na corte do condado de Broward envolvendo o brasileiro.

Mas Aguiar estava passando por transtornos mentais, segundo parentes, e também andava estressado com as várias ações legais que enfretava, e que poderiam ameaçar sua saúde e a harmonia da família.

Teria ele razões para desaparecer, ou estava deprimido o suficiente para acabar com a própria vida?

Os amigos disseram que ele amava a mulher e seus filhos, e que não conseguem imaginar que ele fosse capaz de abandoná-los intencionalmente.

Mas de dois meses dspois, o paradeiro de Aguiar permanece desconhecido, e ele continua dado como desaparecido para a polícia de Fort Lauderdale.

“Meu filho, que eu amo tanto, está desaparecido”, disse Ellen Aguiar. “Continuo rezando para que ele esteja bem e que fique em paz onde quer que se encontre.”

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