Histórico

Dólar vai a R$ 2,84 e chega a maior valor em mais de 10 anos

Cotação da moeda americana dispara no Brasil influenciada por situação de Grécia, China e EUA

DA REDAÇÃO (com Folha de S.Paulo) – Após flertar com a barreira de R$ 2,84, o dólar recuou levemente no final da sessão desta terça-feira (10) no Brasil, mas ainda assim fechou no maior patamar desde novembro de 2004.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, encerrou o dia com alta de 1,56%, a R$ 2,823. É o maior valor desde 10 de novembro de 2004, quando a moeda fechou a R$ 2,825. Foi a terceira sessão seguida de valorização do dólar em relação ao real.

O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, encerrou o dia com avanço de 2,08%, cotado a R$ 2,836, no maior nível desde 8 de novembro de 2004, quando fechou a R$ 2,837.

Fatores internos e externos pressionaram a moeda americana nesta terça-feira. Do exterior, pesaram China, Grécia e Estados Unidos, afirmam analistas ouvidos pelo jornal Folha de S.Paulo.

Na China, a inflação anual ao consumidor atingiu a mínima de cinco anos em janeiro, enquanto a deflação ao produtor piorou destacando o aprofundamento da fraqueza na economia. Os dados também aumentam a pressão sobre as autoridades para injetarem mais estímulo com o objetivo de sustentar o crescimento.

A China é um importante parceiro comercial de emergentes como o Brasil. Qualquer desaceleração no país asiático aumenta a aversão ao risco em torno dos emergentes.

A Grécia contagiou o mercado cambial principalmente no início dos negócios, com a incerteza em torno de uma solução para a crise grega.

A situação causa temor de que o país saia da zona do euro, aumentando as preocupações de investidores. Em relatório, Marco Antônio Barbosa, analista da CM Capital Markets, lembra que a saída da Grécia tem “aspecto simbólico relevante”, pois pode levar outros países a adotarem a mesma solução.

Outro fator que impactou o dólar foi a possibilidade de o Federal Reserve (Fed, banco central americano) elevar suas taxas de juros antes de junho. Ao longo do dia, declarações de dois membros do Fed – Jeffrey Lacker, de Richmond, e John Williams, de São Francisco – ajudaram a alimentar a expectativa de que o banco central americano eleve as taxas de juros antes do previsto.

O mais enfático em relação a essa percepção foi Williams, que afirmou, em entrevista ao jornal “Financial Times”, que o momento para a autoridade monetária dos Estados Unidos elevar seus juros está “mais e mais perto”.

“A alta dos juros em junho já está precificada na desvalorização do real. No entanto, se o Fed antecipar o aumento dos juros ou fizer uma elevação maior que a esperada pelo mercado pode causar uma desvalorização maior do real em relação ao dólar”, avalia Pedroso.

Com juros mais altos nos EUA, recursos internacionais poderiam se direcionar para investimentos em títulos americanos -remunerados pela taxa e considerados de baixo risco-, em detrimento de aplicações mais arriscadas, como em países emergentes. Diante da perspectiva de entrada menor de dólares no Brasil, o preço da moeda americana sobe.

Situação do Brasil
Para Pedroso, do Banco de Tokyo-Mitsubishi, o componente interno não pode ser desprezado. “Há uma conjuntura econômica bastante complicada, com risco de racionamento de água e de energia e a percepção de que um ajuste fiscal será difícil de ser feito”, avalia.

“Mas tem muita coisa em aberto ainda. Vai ter Carnaval, o que faz com que o investidor adote posições defensivas para que, na volta, não seja pego de surpresa. Tem esse tipo de movimento que influencia o preço”, ressalta.

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