Histórico

Dreamers deportados tentarão retornar aos Estados Unidos

Movimento que planejou a estratégia em julho volta à carga

O grupo que organizou em Puerto Nogales em julho o regresso aos Estados Unidos de jovens indocumentados que haviam sido deportados e outros que viviam no país anunciou que repetirá a operação. Desta vez tentará o reingresso de 32 imigrantes.

O novo desafio reúne 26 jovens, entre eles quatro menores de idade.

Mohamad Abdolahi, co-fundador da Aliança Nacional de Jovens Imigrantes, disse à The Associated Press que a travessia da fronteira será realizada como reação ao futuro incerto enfrentado pela proposta de reforma imigratória no Congresso americano.

“A maioria saiu por conta própria há seis ou sete anos, depois de o Dream Act demorar muito, ou porque pensaram que, como não tinham papéis, não podiam ir para a universidade nem fazer nada com a educação que tinham. Outros saíram por desespero. Um foi embora porque um de seus familiares estava morrendo”, acrescentou o ativista do grupo de dreamers mais combativo.

A Aliança anunciou há duas semanas que deixou de trabalhar por uma reforma imigratória integral e agora está focada na aprovação do Dream Act.

O projeto do Dream Act surgiu pela primeira vez em 2002 com apoio bipartidário. Em junho do ano passado o Departamento de Segurança Nacional (DHS) anunciou uma Deferred Action que favorece 1.7 milhão de dreamers cujas ordens de deportação ficaram suspensas por dois anos e lhes foi concedida uma permissão de trabalho pelo mesmo período de tempo.

Em julho, três dreamers saíram sem permissão dos Estados Unidos pela fronteira com o México e junto a outros seis que haviam sido deportados se apresentaram na guarita de Puerto Nogales com o propósito de reingressar ao país.

Os nove foram presos pelo Órgão de Aduanas e Controle de Fronteiras (ICE), enquanto os advogados apresentavam petições de asilo político. Em agosto, 17 dias mais tarde, o governo anunciou que as petições foram aceitas e abriu os processos, colocando-os em liberdade.

Desta vez, os 30 jovens que tentarão cruzar pretendem aplicar a mesma estratégia. Destes, 29 virão de vários pontos do México e um viajará do Peru, informou Abdolahi. Três deles têm 16 anos e um 13, confirmou à AP.

A liberação dos nove dreamers em agosto estabeleceu precedente, mas não mudou as regras, disseram analistas. A cada ano os Estados Unidos rechaçam 98% de solicitações de asilo de mexicanos. O país concede um baixo número de asilos a mexicanos apesar do alto número de solicitações apresentadas a cada ano e que aumentaram a partir de 2006, quando o governo do país vizinho declarou guerra ao narcotráfico.

“98% são rechaçados e muitos são detidos”, disse à NoticiasUnivision.com o advogado Carlos Spector, especialista em asilo de mexicanos em seu escritório em El Paso, Texas. “E a comunidade mexicana sabe. Aqui na fronteira sabem disto. Muitos fogem e se exilam, não pedem asilo por temor de terem seus casos recusados”, disse.

O caso dos dreamers é o primeiro do tipo no qual nove estrangeiros são detidos, apresentam uma solicitação de asilo político baseado em um “medo incrível” de ser deportados e as nove petições são aceitas e depois abertos expedientes para processar as solicitações.

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