Histórico

Editorial: Hora de decisão

Antonio Tozzi

Seguindo a linha dos jornais americanos, o AcheiUSA decidiu referendar a candidatura de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos da América.

À primeira vista, parece algo sem a menor importância e até petulante. Afinal, o que um jornal étnico, ainda por cima feito por brasileiros, cuja comunidade não figura entre as mais expressivas do país, pretende com este tipo de tomada de posição, perguntam-se os céticos?

Ora, isto demonstra que está mais do que na hora de abandonarmos nosso complexo de vira-lata e nos posicionarmos como imigrantes que realmente têm vez e voz na sociedade em que vivemos. Mesmo que boa parte dos brasileiros ainda não possa votar por não ser composta por cidadãos americanos,

A pouco menos de dois meses das eleições gerais, é hora de os eleitores fazerem uma avaliação séria sobre em quem vão votar. Em primeiro lugar, precisam estar motivados a perder um tempinho para ir à seção eleitoral e depositar o voto na urna, uma vez que aqui o voto é opcional e nem mesmo é decretado feriado nacional para que os eleitores possam cumprir seu dever cívico.

Em segundo lugar, é necessário que os eleitores façam uma avaliação criteriosa sobre as propostas de governo dos dois candidatos e consequentemente dos dois partidos. Enquanto os republicanos propugnam um estado enxuto e incentivo às empresas e aos mais ricos, os democratas querem o fortalecimento de um estado igualitário no qual todos tenham acesso às mesmas oportunidades e possam fazer florescer seus talentos.

À primeira vista, pode parecer que a proposta republicana incentiva a criatividade, uma vez que tira o peso do Estado dos ombros dos contribuintes, enquanto os democratas defendem uma presença mais efetiva na vida do cidadão. Mas não se deixe enganar. Isto é uma falácia. Com os republicanos no poder, a classe média e os mais pobres continuarão pagando pesados impostos sem ter a contrapartida do atendimento público, que será repassado a empresas particulares que explorarão os serviços públicos de maneira privada, ou seja, tudo terá de ser pago e – pior – sem chance de as pessoas reclamarem.

Com os democratas no poder, as possibilidades de uma nação mais justa são mais palpáveis. O tão criticado “Obamacare” na verdade é materialização do seguro saúde universal, onde todas as pessoas podem ter acesso a hospitais e medicamentos sem correr o risco de ficar endividado para o resto da vida.

Os incentivos à educação dos jovens com menos recursos são uma realidade num governo democrata. Num possível governo republicano, isto seria visto como “despesa”, portanto, passível de ser cortado do orçamento. Deste modo, muito talento pode ser perdido porque o jovem terá de optar em trabalhar num serviço menos exigente e com baixa remuneração ou estudar e comprometer toda a renda familiar devido aos altos custos das universidades.

E o que dizer da política imigratória? Isto é considerado inegociável para os republicanos. A ala mais radical do partido simplesmente nem leva em conta a possibilidade de uma anistia para aqueles que entraram no país de maneira ilegal, ou seja, sem passarem pela fiscalização feita pelos agentes da fronteira. Embora isto se configure mesmo em um crime, certa dose de boa vontade poderia ajudar a resolver o problema. Bastaria apenas cobrar multa dos infratores, exigir o cumprimento de certas normas e determinar como eles devem comportar-se para requerer a regularização de seu status imigratório. Exatamente o que os democratas estão propondo.

Importante ressaltar que mesmo aqueles que não têm direito a votar ou sequer estão vivendo legalmente nos EUA devem participar das eleições. Seja segurando cartazes, seja convencendo os eleitores de que vale a pena votar naqueles que pensam no país como uma nação e não naqueles que vêem o país como uma big corporation.

Se você quer viver num país mais justo, vote em Barack Obama, mas se quiser viver em sobressalto arrisque votar em Mitt Romney. A diferença é cristalina.

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