Polêmico presidente da Federação Carioca de Futebol é acusado de ser o responsável pela decadência do futebol em seu estado
O presidente da Federação Estadual de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), Eduardo Vianna, o Caixa D´água morreu nesta segunda-feira (21) aos 68 anos, às 18h50, vítima de um enfarte. O polêmico dirigente foi internado em estado grave, no início da noite, em um hospital de São Cristóvão, na zona norte, após passar mal na sede da entidade.
Viana, que era diabético e hipertenso, sentiu-se mal após uma reunião do Conselho Arbitral da Ferj, na sede da entidade, no Maracanã. Imediatamente, o dirigente foi levado ao hospital, onde recebeu os primeiros socorros, chegou a ser ressuscitado, mas não resistiu a sucessivas paradas cardio-respiratórias.
Na semana passada, Viana chefiou a delegação brasileira no amistoso contra a Noruega, em Oslo, e durante o vôo de ida também passou mal. Na ocasião, o médico da seleção, José Luiz Runco, o atendeu e diagnosticou “um pique de pressão”.
Desde que assumiu a Ferj em 1985, Viana se tornou uma figura polêmica. Durante todos esses anos à frente da entidade, ele foi acusado de corrupção, manipulação de resultados e improbidade administrativa, mas, apesar dos inúmeros processos judiciais, nunca chegou a ser condenado.
Desde o ano passado, chegou a ser afastado várias vezes da presidência mas era reempossado, após o julgamento de seus recursos na Justiça.
Torcedor apaixonado do Americano, clube de Campos, no norte fluminense, para se manter tanto tempo no poder, Viana recorreu ao apoio dos clubes do interior. Sempre foi acusado, mas nunca provado que, além de trabalhar para beneficiar seu clube de coração no Campeonato Carioca, conquistava os votos necessários para se manter na presidência da Ferj por praticar uma política assistencialista, com a doação de bolas, redes e uniformes para agremiações em dificuldades.
Além de presidente da Ferj, Viana era professor na Universidade Estadual do Rio de Janeiro e trabalhou como procurador federal. Formado em Direito, Filosofia, Educação Física, História e mestre em Antropologia na Universidade do Tennesse e doutor em Direito na Uerj e UFRJ.
Figura polêmica do futebol, o presidente da Ferj dava vazão ao estresse pegando bichos perdidos pelas ruas da cidade para cuidar em sua casa de Niterói, grande Rio. O local era conhecido por ser uma espécie de zoológico particular do dirigente.
E, sempre que indagado sobre a natureza do famoso apelido, Viana explicava com humor: “quando estava no colégio, era um moleque, de uns 11 anos, e gostava de namorar as garotas perto de um bebedouro que ficava em baixo de uma caixa d’água. Daí veio o apelido, porque eu ia beber muita água.”
Até o início da noite, a família ainda não havia decidido o local e o horário do enterro de Viana.