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Entrevista: Andrew Callahan na rota do cinema

O brasileiro-americano descobriu cedo sua vocação e partiu em busca de seu sonho

Exatamente quando a comunidade brasileira ainda comenta sobre os filmes exibidos no 15º Festival do Cinema Brasileiro em Miami, o AcheiUSA publica uma entrevista com Andrew Callahan, filho de pai americano e mãe brasileira, que quer seguir a carreira de ator. Apesar de já ter feito peças teatrais e estar aberto a todas experiências, ele não esconde que seu grande sonho é atuar em Hollywood. O primeiro passo ele já deu ao se mudar para Los Angeles, a meca do cinema mundial. Saiba mais sobre este jovem talento lendo esta entrevista.

AcheiUSA – Por favor, apresente-se à comunidade brasileira.
Andrew Callahan – Meu nome é Andrew Callahan, tenho 19 anos, nasci em São Paulo. No momento estou morando em Los Angeles, Califórnia. Meus avós maternos pertencem a familias brasileiras e italianas, assim eu peguei o melhor dos dois mundos!

AU – Quando percebeu que queria ser ator?
AC – As pessoas me perguntam isto com muita frequência! É difícil eu localizar na minha memória exatamente quando isto começou…o que eu gostaria de ser. Porém, o primeiro papel que fiz foi na sexta série e creio que foi aí que tudo começou. Lembro-me de ter visto o filme Stand by Me com River Phoenix, que na época tinha mais ou menos a minha idade e creio que daí me veio a decisão de fazer cinema em vez de teatro. A atuação dele realmente me influenciou. Fiquei muito entusiasmado ao ver alguém da minha idade com tal presença nas telas!

AU – Que tipo de trabalho você já fez na área?
AC – Já fiz alguns comerciais em Miami, porém nada muito sério. A maioria dos trabalhos foi no teatro com a escola e no teatro do Broward Center for Performing Arts. Quando me mudei para a faculdade em Filadélfia, comecei a me envolver em filmes. Trabalhei em dois filmes, nos arredores da cidade que acabaram indo para o Festival de Cannes: “The Destruction Room”, com Ray Davis, e “Wild Idle”, de Cristina Acevedo. Os dois filmes foram uma experiência incrível para mim aumentando tremendamente o meu interesse pelo cinema. Fiz tambem um show chamado “TOYBOX” por Haygen Bryce Walker, que fez parte do Philadelphia Equinox Festival. Foi um show que realmente mudou minha perspectiva sobre a carreira de ator fazendo com que eu me dedicasse com mais afinco no sentido de uma carreira profissional.

AU – Você está pensando em estudar no Actor’s Studio ou outra escola do gêrero?
AC – Claro, sem dúvida! Acabei de terminar um ano na University of the Arts da Filadélfia, onde ganhei muita experiência atuando em várias pecas e estou transferindo-me para o California Institute of the Arts em Los Angeles a fim de continuar meu curso de quatro anos. Estou bastante entusiasmado com isto e ao mesmo tempo um pouco nervoso, apesar desta faculdade fazer parte dos meus sonhos, pois ouvi dizer que ela é também conhecida como a “Juilliard” do oeste. Uma das coisas interessantes da carreira do ator é que ele nunca para de aprender. Mesmo após sair da faculdade, o ator sai enriquecido de cada novo projeto e de cada novo personagem que interpretar. Um ator que conheço, que tem 65 anos, me confessou que ainda aprende muito com cada novo trabalho e cada novo personagem. Gostei de ouvir isto!

AU – Você está bem preparada para ser um ator? Fez cursos de interpretação, canto ou dança?
AC – Bem, é difícil responder. Definitivamente, quando começo um trabalho me sinto sempre seguro e confiante, porém, os padrões são muito variáveis e os fatores muito numerosos para se conseguir um papel ou um trabalho numa peça ou para um filme ter sucesso. Acredito que indo à faculdade conseguirei ver mais claro o assunto. Após este período, sinto que como ator estou dez vezes melhor. Isto é uma sensação muito agradável!

AU – Você é mais um ator dramático ou um comediante? Tem preferência ou acha que o importante é saber como atuar em todas as situações?
AC – Veja bem, no início me davam somente papéis como comediante e eu me dava bem, pois sempre gostei de “bancar” o palhaço entre os amigos. Porém, ao ficar mais velho, comecei a atuar em papéis mais sérios, e agora já faz um tempo que não atuo em papéis cômicos. Gosto de desafios e creio que é maior o desafio quando me pedem papéis mais sérios. Isto não significa que os papéis cômicos nao tenham profundidade. Na verdade, sinto-me mais cômodo com eles, não é um esforço. Um ator tem que ser o mais versátil possível. Isto não só amplia seu leque de atuação, de trabalho que ele pode pegar, mas também é muito mais interessante poder penetrar em cabeças diferentes e sentir caminhos diferentes na vida. Por que representar sempre e sempre o mesmo gênero de peças ou filmes? Não me parece muito interessante.

AU – Você tem ídolos ou um modelo a ser seguido nesta área: um ator ou diretor?
AC – Aprendi muito com River Phoenix, Cate Blanchet e Heath Ledger. São meus modelos, meus exemplos pois possuem todas as qualidades que eu gostaria de ter para ser um bom ator. Eles realmente enfatizam como os personagens devem ser desenvolvidos e apresentados. E a maneira com que eles se transformam é o que me inspira realmente. Cada vez que vejo um filme deles tenha vontade de sair atrás de um novo projeto.

AU – Em sua opinião, você se sente mais confortável no teatro, cinema, TV ou stand up?
AC – Para ser franco, sinto-me muito mais à vontade num palco do que filmando, talvez porque venho fazendo teatro há muito mais tempo. Mas, na verdade, a minha maior paixão é o cinema, fico cada vez mais surpreso com as possibilidades que existem neste campo. Você pode imaginar atuar em um filme como Lord of the Rings (Senhor dos Aneis)? É o máximo, não ?

AU – Você já escreveu algum trabalho para ser encenado? Ou está pensando nisto?
AC – Já escrevi alguns roteiros e também ando trabalhando em um livro. Porém, isto é um trabalho pessoal, faço um pouco para me divertir, dar margens à imaginação! Bem, seria ótimo se algum dia eu puder transformá-los em filme ou ver o livro publicado. Quem sabe, quando estiverem prontos.

AU – Você poderia citar o nome de um ator ou atriz com quem gostaria de trabalhar? E que diretor você admira?
AC – Daria tudo para trabalhar com Cate Blanchett. Nunca conheci alguém tão capaz de se transformar tanto como ela faz quando personifica seus personagens. Seria maravilhoso poder trabalhar com alguém tão dotado quanto ela, nas telas. Ao mesmo tempo Blanchett é uma pessoa absolutamente acessível, pé no chão, distinta, seria incrível poder trabalhar com ela! Quanto ao diretor, para mim, Shane Meadows, no momento, é o número um! O trabalho dele no filme “This is England” é fora do comum e tão real que fiquei encantado com o resultado. Ele consegue “arrancar” de seus atores um talento que vem lá do fundo de suas personalidades…

AU – É verdade que você está de mudança para Los Angeles em busca de mais oportunidades na indústria cinematográfica? Tem alguns contatos lá?
AC – Sempre planejei mudar para Los Angeles, houve uma pequena pausa quando fui para Filadélfia, porém, no final as coisas acabaram dando certo. Após alguns testes, recebi o chamado da CALARTS para seguir o curso, uma proposta impossível de se recusar! Larguei tudo e segui para a Califórnia. Por isto, no momento sinto que estou adiantado no meu programa, pois no começo a ideia era chegar à California após a faculdade na Filadélfia. Agora, além de estar estudando, também estou no centro da indústria que me interessa. Fiz muitos sacrifícios para chegar aqui, mas no fim está dando tudo certo!

AU – Como você está pretendendo se manter lá? Sendo modelo ou garçon?
AC – Na verdade, creio que vou fazer o “cliché” ator/garçon, por enquanto. A razão é que isto me dá um dinheiro suficiente e me permite horas de trabalho flexíveis, podendo assim comparecer a várias provas. Deixei de lado, no momento, a possibilidade de posar como modelo, porém, se me oferecerem trabalho, certamente não vou recusar.

AU – Finalmente, você considerou trabalhar num filme brasileiro ou em TV no Brasil?
AC – Sempre tive vontade de trabalhar em alguma novela como “A Casa das 7 Mulheres” ou “O Clone,” alguma coisa intensa como foram estas duas séries. Na verdade, tenho um pouco de sotaque quando falo português, porém, quando visito o Brasil, após três semanas começo a perdê-lo. Assim, se algum diretor quiser que eu trabalhe com ele e me der uma chance, iria adorar a ideia!

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