Histórico

Especial: Mãe, muito obrigado!

Edemilson Cardoso

Pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de modo que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse, Eu, todavia, não me esquecerei de ti.

Hoje não tenho mais a minha mãe! Como gostaria de lhe dar um forte abraço e um beijo em sua face. Como gostaria de ouvir sua voz. Mas ela descansa! Ela aguarda a ressurreição na volta gloriosa de Jesus à Terra. O que ela foi está na minha memória, no meu coração, no meu amor para com os meus filhos. Para sempre vou ser agradecido à minha mãe. Mãe, muito obrigado!

Um pouco da história

A mais antiga comemoração dos dias das mães é mitológica. Na Grécia antiga, a entrada da primavera era festejada em honra de Reia, a mãe dos deuses. No início do século XVII, quando a Inglaterra começou a dedicar o quarto domingo da Quaresma às mães das operárias inglesas. Nesse dia, as trabalhadoras tinham folga para ficar em casa com as mães. Era chamado de “Mothering Day”, fato que deu origem ao “mothering cake”, um bolo para as mães que tornaria o dia ainda mais festivo.

Nos Estados Unidos, as primeiras sugestões em prol da criação de uma data para a celebração das mães foi dada em 1872 pela escritora Julia Ward Howe, autora de O Hino de Batalha da República. Anna Jarvis perdeu sua mãe e entrou em completa depressão. Preocupadas com aquele sofrimento, algumas amigas tiveram a ideia de perpetuar a memória da mãe de Annie com uma festa. Ela, então, desejou que a homenagem fosse estendida a todas as mães, vivas ou mortas. Em pouco tempo, a comemoração do Dia das Mães se alastrou por todos os Estados Unidos e, no dia 9 de maio de 1914, a data foi oficializada pelo presidente Woodrow Wilson.

No Brasil, em 1932, o então presidente Getúlio Vargas oficializou a data no segundo domingo de maio. Em 1947, Dom Jaime de Barros Câmara, cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, determinou que essa data fizesse parte também do calendário oficial da Igreja Católica. Em Portugal, o Dia da Mãe é celebrado no primeiro domingo de maio, embora durante muitos anos tivesse sido comemorado no dia 8 de dezembro, dia da Nossa Senhora da Conceição. Em Israel, o Dia da Mãe deixou de ser celebrado, passando a existir o Dia da Família em fevereiro. Nos EUA, é comemorado no segundo domingo do mês de maio.

A história de Helen

Helen Rosenweare, que foi médica missionária no antigo Congo Belga, conta uma experiência que comprova a promessa do texto de hoje. Ela a intitula “A Bolsa e a Boneca”. Veja que interessante relato: Certa noite eu estava fazendo de tudo para ajudar uma mãe em trabalho de parto. Apesar do esforço, ela não resistiu e nos deixou com um bebê prematuro e uma filha de dois anos em prantos. Era muito complicado manter o bebê vivo sem uma incubadora (não tínhamos eletricidade para ativar uma incubadora). Também não tínhamos recursos adequados de alimentação. Mesmo morando na linha do Equador, as noites eram frias com aragens traiçoeiras.

Uma das aprendizes de parteira foi buscar a caixa que reservávamos para bebês nessa situação e os panos de algodão para envolvê-los. Uma outra foi alimentar o fogo para aquecer uma chaleira de água para a bolsa de água quente. Sem demora, voltou desconsolada, pois a bolsa havia se rompido. Borracha estraga fácil em clima tropical. “Era nossa última bolsa de água quente”, ela me disse. Assim como no Ocidente se diz que “não adianta chorar sobre o leite derramado”, na África Central se diria que “não adianta chorar sobre bolsas de água quente estragadas”. Elas não crescem em árvores, e não existem farmácias no meio das florestas.

“Muito bem”, disse eu, “coloquem o bebê em segurança tão próximo quanto possível do fogo e durmam entre a porta e o bebê para protegê-lo das lufadas de vento frio. Mantenham o bebê aquecido”. Na tarde seguinte, fui orar com as órfãs que vez ou outra queriam reunir-se comigo. Fiz uma série de sugestões que pudessem incentivá-las a orar e, também, contei-lhes sobre o bebê. Expliquei a dificuldade em manter o bebê aquecido já que a única bolsa de água havia estourado, e que o bebê poderia morrer se passasse frio. Mencionei a irmãzinha de dois anos que não parava de chorar e sentia a perda e a ausência da mãe.

Durante as orações, uma das meninas africanas de 10 anos orou: “Por favor, Deus, manda-nos a bolsa de água quente. Amanhã talvez será tarde, porque o bebê pode não aguentar. Por isso, manda a bolsa de água quente ainda hoje.” Enquanto eu ainda procurava recuperar o ar diante de tamanha ousadia, a menina acrescentou: “E, Senhor, já que estás cuidando disso, por favor, manda junto uma boneca para a irmãzinha do bebê, para que ela saiba que também a amas de verdade.”

Eu simplesmente não conseguia acreditar que Deus poderia atendê-la. O único jeito de obtermos a bolsa de água quente seria por encomenda à minha terra natal, via correio. Eu estava na África havia quatro anos. Jamais tinha recebido uma encomenda postal de minha família. E, se alguém enviasse um presente, poria ali uma bolsa de água quente? Afinal, eu morava na linha do Equador.

No meio da tarde, durante uma aula da escola de enfermagem, veio um recado dizendo que um carro estacionara no portão de minha casa. Quando cheguei, o carro já havia partido e deixado um pacote de 11 quilos na varanda. Não consegui abrir a caixa sozinha. Pedi que algumas crianças do orfanato me ajudassem. Trinta a quarenta olhos arregalados acompanhavam atentos cada movimento. Na camada de cima havia roupas de cores vivas e brilhantes. Os olhinhos das crianças brilhavam à medida que as distribuía. Na camada seguinte havia ataduras para os pacientes leprosos, caixinhas de uvas passas, pacotes de farinha que se transformariam em deliciosos bolos no fim de semana.

Quando coloquei as mãos de novo na caixa, pasmem… “Uma bolsa de água quente, novinha em folha!” gritei. Eu não havia feito nenhum pedido. Rute, aquela menina que havia orado na reunião de oração, saltou do banco da frente e gritou: “Se Deus mandou a bolsa de água quente, mandou também a boneca!” Enfiando as mãos na caixa, começou a procurar a boneca. E lá estava ela, maravilhosamente vestida!

Rute não duvidara nem por um instante. Olhando para mim, perguntou: “Posso ir junto levar a boneca para a irmãzinha do bebê, para que ela saiba o quanto Jesus a ama?” Esse pacote estivera a caminho por cinco meses. Foi iniciativa de minha ex-professora de escola bíblica, cuja líder atendeu a voz do Senhor de enviar uma bolsa de água quente. E uma das alunas dela decidiu, cinco meses antes, enviar junto uma boneca, em resposta a uma oração de outra menina de 10 anos de idade que acreditou fielmente que Deus atenderia à sua oração, ainda naquela tarde.

Deus colocou em nossa vida uma mãe original ou adotiva como uma resposta do Seu amor por nós. Nosso mundo sempre precisa de um mãe fiel e amorosa. Nosso mundo sempre precisa de filhos agradecidos e que recebam com amor sua mãe.


Edemilson Cardoso, conhecido como Pastor Jimmy, é casado com Ruth Cardoso e tem quatro filhos. É pastor da Igreja Adventista Capital Brazilian Temple na região metropolitana de Washington, D.C. E está concluindo seu doutorado em religião e ministério pela Andrews University.

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