Histórico

EUA ameaçaram bombardear Paquistão, diz Musharraf

A ameaça teria vindo de Armitage, ex-vice-secretário de Estado

O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, revelou em entrevista feita por uma rede de televisão americana que os Estados Unidos ameaçaram bombardear seu país “até levá-lo de volta à idade da pedra” a não ser que ele se unisse à luta contra a Al-Qaeda.
Musharraf disse que a mensagem americana foi entregue pelo ex-vice-secretário de Estado Richard Armitage ao diretor de Inteligência do Paquistão.

“Acredito que foi um comentário muito mal-educado”, disse o presidente paquistanês ao programa 60 minutos, da rede CBS.

O Paquistão aceitou se alinhar à política americana, mas Musharraf disse que tomou essa decisão por causa dos interesses de seu país.

“Temos que pensar e tomar ações de acordo com o interesse da nação e foi isso que eu fiz”, afirmou ele.

A divulgação dos trechos do programa, que será exibido na íntegra no domingo nos Estados Unidos, aconteceu ao mesmo tempo em que o governo americano elogiava a participação do Paquistão na “guerra contra o terror”.

O presidente Musharraf deve se encontrar ainda nesta sexta-feira com George W. Bush na Casa Branca para discutir o assunto.

Biografia

O presidente Musharraf lançará sua autobiografia na semana que vem e especialistas vêem as revelações como uma tentativa de gerar interesse no livro.

Na entrevista ao programa jornalístico, o líder paquistanês disse que além das ameaças de bomba, o enviado do governo americano havia exigido a permissão de uso de seus postos de fronteira na guerra contra o Afeganistão.

Os Estados Unidos também teriam insistido que o Paquistão suprimisse qualquer demonstração de apoio aos ataques de 11 de setembro de 2001.

O apoio do Paquistão foi considerado crucial para que a ação militar de uma colizão liderada pelos Estados Unidos em 2001 pudesse derrubar o governo do Talebã, que chegou ao poder no Afeganistão com a ajuda do país vizinho.

Musharraf permitiu que o espaço aéreo paquistanês fosse usado pelos Estados Unidos, e que os serviços de inteligência trocassem informações com os americanos após o 11 de setembro.

O correspondente da BBC Jonathan Beale diz que Musharraf provou ser um aliado fiel dos Estados Unidos até o momento, apesar muitos agora questionarem os meios usados para conseguir essa cooperação.

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