Álcool brasileiro paga sobretaxa de R$ 0,30 por litro frente ao etanol dos EUA; juntos, os dois mercados representam 70% do consumo mundial do combustível
A parceria que Brasil e Estados Unidos visam firmar na produção de etanol não prevê redução de tarifas cobradas sobre o álcool brasileiro para entrar no mercado americano.
“O tema das tarifas não está na mesa de negociações”, disse Greg Manuel, coordenador do setor de Energia do Departamento de Estado americano.
Atualmente, o álcool brasileiro paga sobretaxa de US$ 0,54 por galão (R$ 0,30 por litro) para entrar no mercado americano.
O representante dos Estados Unidos foi um dos participantes do evento “Etanol, Biodiesel e a Revolução dos Biocombustíveis”, realizado na terça-feira, 20, no Brazil Institute do centro de pesquisas políticas Woodrow Wilson Center, de Washington.
Ele versava sobre os assuntos relativos ao combustível que devem ser debatidos durante a visita do presidente americano, George W. Bush, ao Brasil no próximo dia 8 de março, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos Estados Unidos no dia 31 do mesmo mês.
Visita
Segundo o representante americano, entre esses temas estão a cooperação em áreas de pesquisa e desenvolvimento, transferência de recursos do etanol para outros países, e a necessidade de criar um mercado global para o produto.
“A prioridade é apostar na criação de um mercado de commodity internacional. Para que isso aconteça, é preciso criar padrões comuns para o etanol, e ambos os países já estão atuando nesse sentido.”
A transformação do álcool em commodity internacional seria o passo inicial para que ele venha ser negociado em bolsas de mercadorias, como o petróleo ou a soja.
Manuel disse ainda que os americanos desejam firmar parcerias público-privadas entre Brasil e Estados Unidos, através, por exemplo, de um projeto conjunto realizado em um país do Caribe ou da América Central.
O representante americano acredita que o etanol possa desempenhar um papel ainda mais ambicioso no cenário mundial, contribuindo até para coibir o narcotráfico.
“À medida que o etanol vai se tornando um produto de alto valor, fazendeiros que cultivavam produtos usados na produção de drogas poderiam passar para outras culturas”, afirmou.
Manuel esteve recentemente no Brasil acompanhando o subsecretário de Estado americano, Nicholas Burns. Brasil e Estados Unidos respondem juntos por 70% do mercado mundial de etanol. O produto americano é produzido a partir de milho, ao passo que o brasileiro é feito de cana de açúcar.