Histórico

EUA estudam novas resoluções contra expansão de programa nuclear iraniano

A embaixadora americana Jackie Sanders afirmou nesta quinta-feira (22) que os EUA pretendem estudar, com os outros membros do Conselho de Segurança da ONU, novas medidas contra a recusa do Irã em suspender suas atividades de enriquecimento de urânio.

Segundo relatório divulgado nesta quinta pela agência nuclear da ONU, o Irã expandiu o programa de enriquecimento de urânio em vez de seguir as recomendações dadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, que pedira a suspensão das atividades.

“Está claro que o Irã não está cumprindo as resoluções do Conselho de Segurança e as diretrizes da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)”, afirmou Sanders. “Vamos tentar discutir isso com os outros membros do Conselho de Segurança nos próximos dias e ver que medidas adicionais poderão ser tomadas”, acrescentou.

“O Irã precisa ver uma comunidade internacional coordenada e que demonstre que tem um propósito comum: frear o que estão fazendo, que é desenvolver armas nucleares”, disse a embaixadora americana.

A França e a Grã-Bretanha também atacaram a expansão do programa nuclear iraniano. O embaixador francês na ONU, Jean-Marc de la Sablière, disse que o “Irã não está respondendo aos pedidos do Conselho de Segurança” e, por isso “é preciso convencer os outros membros deste órgão (CS) de que uma segunda resolução é necessária”.

“Estamos determinados a evitar que o Irã adquira os recursos para desenvolver armas nucleares”, declarou a titular do Ministério de Assuntos Exteriores do Reino Unido, Margaret Beckett. Contudo, a ministra ressaltou que seu governo continua comprometido em buscar uma solução negociada.

Relatório da ONU

No relatório da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), a agência afirma ainda que o Irã continua a trabalhar na construção de um reator e de uma plataforma nuclear que utilizam água pesada –também desafiando exigências feitas pelo Conselho de Segurança.

“O Irã não suspendeu suas atividades relacionadas com o enriquecimento de urânio”, afirma o relatório, escrito pelo diretor-geral da AIEA, Mohamed ElBaradei, segundo o jornal “The New York Times”.

Tanto o urânio quanto o plutônio produzidos por reatores de água pesada podem produzir material utilizado em armas nucleares. O Irã nega possuir tal intenção, dizendo que os reatores são necessários para a produção de energia elétrica e materiais médicos.

O documento de seis páginas diz ainda que as equipes da agência foram “impossibilitadas de progredir em seus esforços de verificar o andamento do programa nuclear iraniano” devido à “falta de cooperação” do governo de Teerã.

A acusação aponta outra violação a exigências do Conselho de Segurança da ONU, que em 23 de dezembro pediu que o Irã garantisse “todo o acesso e a cooperação necessários para que a agência verifique” os procedimentos nas instalações nucleares dentro de 60 dias.

Em Teerã, o vice-chefe da Organização de Energia Atômica Iraniana, Mohammed Saeedi, afirmou que o “Irã considera `a exigência da AIEA` para a suspensão como uma violação de seus direitos previstos no Tratado de Não-Proliferação Nuclear e nas leis internacionais”.

“É por isso que o Irã não poderia ter respondido de forma positiva à resolução 1737 do Conselho de Segurança da ONU, que pede a suspensão do enriquecimento de urânio,” afirmou Saeedi, de acordo com a agência oficial iraniana de notícias.

Preocupação

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou estar “muito preocupado” com o fato de o governo iraniano não ter respeitado o prazo `que expirou ontem` dado pelo CS da ONU.

“Eu peço que o governo iraniano respeite totalmente as recomendações do Conselho de Segurança o mais rápido possível”, disse Moon em Viena, dizendo que as atividades nucleares do Irã têm “grandes implicações” para a paz e a segurança, assim como para a “proliferação de armas de destruição em massa”.

Além das sanções, o governo americano vem aumentando a pressão sobre o Irã em todas as frentes –entre elas, por meio da detenção de agentes iranianos no Iraque e pela persuasão de governos europeus e instituições financeiras para que cortem os laços com o país persa.

O Conselho de Segurança exige a suspensão imediata e incondicional do enriquecimento de urânio, que abriria espaço para negociações a respeito de um pacote de vantagens econômicas para o Irã.

O governo iraniano, no entanto, recusa-se a abandonar as atividades nucleares como uma pré-condição para as negociações.

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