Histórico

Ex-imigrante ilegal, renomado artista plástico brasileiro faz obra sobre o tema

Vik Muniz leva barco gigante “de papel” à Bienal de Veneza, em alusão a problemas da Europa com imigração

Vik Muniz leva barco gigante

DA REDAÇÃO – As recentes tragédias envolvendo imigrantes africanos, asiáticos e árabes tentando chegar à Europa navegando pelo mar Mediterrâneo vêm chocando o mundo e colocando em questão as políticas imigratórias do Velho Mundo. Os números da questão impressionam: apenas no primeiro fim de semana de maio, mais de 5,8 mil imigrantes foram interceptados por polícias europeias tentando adentrar o continente, muitos morrendo no caminho, navegado em frágeis barcos. O assunto agora ganha atenção no mundo das artes, pelas mãos do brasileiro Vik Muniz, nome badalado no meio.

Desde a terça-feira (5), visitantes da Bienal de Veneza, o mais aguardado evento de arte do mundo, se deparam com um barco de jornal de 14 metros de comprimento ancorado em frente ao Palácio Brandolini, onde ocorre o evento.

Batizada de Lampedusa, a mais nova obra do artista plástico Vik Muniz protesta contra as mortes de milhares de imigrantes.

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Artista plástico Vik Muniz

Artista plástico Vik Muniz

“Decidi fazer esse barco no ano passado para gritar contra o fim do projeto Mare Nostro, que ajudou a evitar a morte de mais de 140 mil pessoas nessas travessias, mas foi abortado porque os governos não queriam pagar os 9 milhões de euros de manutenção”, afirma ele à revista Época. “Essa irresponsabilidade colaborou para que tragédias como a que matou 800 pessoas vindas da Líbia em abril se repetissem”.

Muniz conta que seu apoio à causa é pessoal. “Fui imigrante ilegal nos Estados Unidos e a vida era bem difícil. Passei 10 anos sem ver meu pai e testemunhei casos absurdos de pessoas passando fome, sem os mínimos direitos básicos”.

A América que um dia lhe fechou as portas vai lhe abrir os braços: o brasileiro será o grande homenageado do gala beneficente da entidade Creative Arts, que acontece no dia 11, na Catedral de St. John The Divine, em New York. Quarta maior igreja do mundo, ela receberá 700 convidados que vão jantar a uma mesa em formato de cruz com menu assinado pelo badalado chef francês Daniel Boulud, considerado um dos melhores do mundo e dono de um dos mais requintados restaurantes de Manhattan.

Obras de Muniz podem ser conferidas em alguns dos mais importantes museus de arte moderna do mundo. Em Miami, por exemplo, o Pérez Art Museum, em Downtown, possui trabalhos assinados pelo brasileiro. Suas obras chegam a ser vendidas por cifras que ultrapassam os $200 mil.

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