Histórico

“Faremos um boom no mercado americano”, afirma empresário criador do Rock in Rio

Roberto Medina falou com exclusividade ao AcheiUSA sobre primeira edição do festival em Las Vegas, em maio de 2015

Caio Campos

A mão de Roberto Medina foi fundamental para que os grandes festivais de música existissem no Brasil. Ao criar o Rock in Rio – que estreou em 1985, levando artistas como Queen, Rod Stewart e AC/DC para tocar num país praticamente desconhecido e estranho ao circuito do pop-rock -, Medina forjou um mercado que, hoje, movimenta no Brasil cifras astronômicas em patrocínio. Além disso, colocou o país na rota de artistas internacionais de primeiro time. Agora, três décadas depois do primeiro Rock in Rio (já foram, só no Brasil, cinco edições; a mais recente em 2013), o empresário prepara um passo ambicioso: entrar no concorrido mercado dos Estados Unidos, ancorado em shows de nomes de peso, como Bruno Mars, Metallica e No Doubt. Leia a seguir entrevista exclusiva concedida por Medina ao AcheiUSA.

AcheiUSA – O Rock in Rio nasceu no Brasil há 30 anos. Há pelo menos 15, já é bem estabelecido lá e no mundo, com edições na Europa. Por que só agora chega aos EUA?
Roberto Medina – Porque chegou a hora. Já temos edições internacionais `desde 2004 em Lisboa e desde 2008 em Madrid`, mas não adianta apenas crescer. Tem que criar estrutura. Para os EUA, acho que ainda não tínhamos essa estrutura de poder entregar um festival que é único no mundo. Além disso, os EUA são mais complexos em vários aspectos. É como se fossem vários países em um, enquanto Brasil, Portugal e Espanha têm uma unidade maior. Andávamos já de olho no mercado americano, mas ele tem diferenças grandes em relação a outros mercados. Para começar, os patrocinadores investem menos na música ao vivo nos EUA. Aí, o mercado esportivo é o mais visado. Para você ter uma ideia, o Rock in Rio, para acontecer, recebe $17 milhões por dia em patrocínio. Já o maior festival norte-americano de música recebe $4 milhões por dia. Isso em um mercado que tem duas vezes o tamanho do brasileiro. Só que eu acho que isso tende a mudar. Tenho certeza que vamos fazer um boom no mercado americano.

AU – Como o Rock in Rio pretende concorrer com tantos festivais já tradicionais e de público formado nos EUA?
RM – Olha, eu não acho que tenhamos concorrentes diretos. O Rock in Rio é para a família toda. Agrada do menino de 12 anos ao avô, de 80. É mais abrangente e menos segmentado que os festivais americanos. Além disso, o que produzimos é extremamente sofisticado, diferente de qualquer festival nos EUA. A gente não poupa. O Rock in Rio investe $17 milhões nos artistas que contrata – é mais do que o dobro dos outros festivais. Somos um produto que não existe nos EUA.

AU – Por que Las Vegas foi escolhida para sediar o Rock in Rio USA?
RM – Foi pesquisa. Antes, analisamos Califórnia, Nova York… Mas daí a MGM `grupo de entretenimento que tem, entre outros negócios, cassino e hotel em Las Vegas` sugeriu uma parceria conosco e eu achei muito interessante. O interesse veio também de Las Vegas, que está interessada em se promover com os brasileiros que gastam bilhões nos EUA em viagens e vão, principalmente, apenas a Orlando, Miami e Nova York. Outra coisa interessante é que Las Vegas vem diversificando seu perfil, deixando de ser uma cidade dedicada só ao jogo. O local em que estamos construindo a Cidade do Rock também tem um diferencial único, permitindo ao público ir a pé ao Rock in Rio.

AU – Com relação aos artistas do festival: há chance de termos nomes brasileiros no palco principal, em que grandes astros americanos vão se apresentar?
RM – Existe, claro. Faremos como fazemos em todas as edições internacionais, que já tiveram Ivete, por exemplo, o Paralamas também, tocando para o público estrangeiro. Teremos, com certeza, brasileiros no Palco Mundo e mais ainda no Palco Sunset `palco adicional ao principal`. E também na Rock Street Brazil, que vai ter frevo, capoeira, comida brasileira, bossa nova… Ter essa rua brasileira na Cidade do Rock é fundamental para nós.

AU – É mais fácil erguer um Rock in Rio no Brasil ou nos Estados Unidos?
RM – Eu garanto que começar no Brasil lá em 1985 foi 100 vezes mais difícil do que começar agora nos EUA. No Brasil não somos empresários, somos sobreviventes. É preciso criar uma musculatura, especialmente em um país que já teve inflação altíssima e várias moedas diferentes.

AU – Miami chegou a ser cogitada para sediar o evento? O senhor gosta da cidade?
RM – Sim. Chegamos a ver um espaço imenso em Miami, mas acabamos decidindo por Las Vegas por uma questão de possibilidade. Quando fomos à Flórida, já estávamos praticamente fechando com Las Vegas. Mas é sim uma possibilidade futura, para a qual sempre olharemos com atenção. E tem aquela história de ser outro país dentro dos EUA, a Flórida. Eu gosto de Miami. Não vou muito, mas a vejo como uma cidade que inspira ao descanso, à reflexão. Além de ser a segunda casa de cada latino que vive nos EUA. Mas em termos de cidade, eu gosto demais de Nova York, que é uma cidade fervilhante. E tem o Rio, pelo qual eu sou apaixonado! Antes de ser brasileiro, eu digo que sou carioca (risos). Já tentaram até mudar o nome do Rock in Rio em nossas edições pelo mundo, usando o nome das cidades em que ele acontece, mas não dá. Isso não tem como.

FIQUE LIGADO
O Rock in Rio USA acontece em Las Vegas em 2015, em dois fins de semana: 8 e 9, e 15 e 16 de maio. A escalação para o festival ainda não está completa, mas já confirmaram shows nomes como Linkin Park, Taylor Swift, Joss Stone e Deftones (além dos artistas citados na abertura desta matéria). O festival espera receber 300 mil pessoas em seus quatro dias de duração e contar com shows de mais de 100 artistas.

Leia mais sobre o Rock in Rio na coluna de Jamari França. Clique aqui.

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