Histórico

Festival já deixa saudade

O 15º Festival do Cinema Brasileiro em Miami mostrou que a Inffinito está mais madura

Por Antonio Tozzi

A cerimônia de premiação da 15ª edição do Festival do Cinema Brasileiro em Miami coroou o sucesso que foi o próprio festival, demonstrando claramente que a Inffinito Foundation está dominando a maneira de realizar um evento deste porte.

Para quem, como eu, acompanha a luta e o sucesso das fundadoras da Inffinito isto é gratificante. Desde o primeiro festival, organizado na sala Bill Cosford, da Universidade de Miami, em Coral Gables, o evento só cresce, graças à dedicação das irmãs Adriana e Cláudia Dutra e de Viviane Spinelli, que fizeram um sonho se tornar realidade.

Hoje, a organização profissional pouco lembra a luta quixotesca de 1997 para viabliizar um festival que tinha muita esperança, mas pouco dinheiro e ainda precisava enfrentar a falta de credibilidade dos derrotistas de primeira hora. Você conhece bem o tipo. Aquele sujeito que nada faz na vida e, em vez de apoiar os realizadores, somente critica.

E, convenhamos, o projeto era mesmo ambicioso, digno de suscitar dúvidas. Afinal, como conseguir patrocinadores para bancar um festival de cinema brasileiro numa cidade que, por si só, tem eventos e atividades em profusão. Os artistas confiariam naquelas meninas cheias de vitalidade e com pouca experiência? E as autoridades locais apoiariam uma iniciativa deste tipo? Por fim, mas não menos importante, elas encontrariam empresários dispostos a bancar algo que, na época, não passava de um projeto?

Pouco a pouco os questionamentos foram dando lugar à realidade. E Miami passou a entrar no calendário do cinema brasileiro, como mais uma porta de entrada para as produções brasileiras e vitrine para exibição dos filmes. Os testemunhos dos artistas confirmam a identificação com o Festival de Miami.

E os filhotes foram brotando como cogumelos: Nova York, Londres, Madri, Barcelona, Roma, Vancouver, Buenos Aires, Montevidéu, Petrópolis… E outros que saíram, e outros que entrarão. Os números são impressionantes, e podemos usar como medida a marca de quase um milhão de espectadores em todo o mundo.

Realmente, o cinema brasileiro vem tendo uma exposição grandiosa mundialmente graças ao Circuito Inffinito de Festivais. E os artistas, diretores, produtores e técnicos só têm a agradecer. O melhor agradecimento veio na performance de Ney Latorraca, na noite de encerramento, ao cantar uma versão peculiar de Como Uma Deusa enaltecendo tudo o que a Inffinito tem feito pelo cinema brasileiro.

Festa de gala e Jabor emocionado

A apresentação da noite de gala, que concedeu o troféu Lente de Cristal aos melhores do festival, foi realizada por Alessandra Colasanti e João Paulo Bounassar.

Os vencedores da categoria eleita pelo júri técnico foram Vips, de Toniko Melo, Melhor Longa-Metragem e A verdadeira história da bailarina de vermelho, de Alessandra Colasanti e Samir Abujamra, Melhor Curta-Metragem. As produções eleitas pelo público foram De Pernas para o Ar, de Roberto Santucci, que ganhou como Melhor Longa-Metragem, e O Bolo, de Robert Guimarães, como o Melhor Curta-Metragem.

No palco, sob os olhares da plateia e da mulher Ananda Rubinstein, o produtor e diretor de cinema, escritor e jornalista Arnaldo Jabor se emocionou com o tributo preparado pela Inffinito. O encerramento contou com exibição hors concours do seu mais recente trabalho A Suprema Felicidade. Diante da infraestrutura do evento e do reconhecimento do público que lotou as salas de cinema ao longo da semana, Jabor comentou a importância da iniciativa. Para ele, a mostra é uma alternativa ao financiamento do Estado. Eu não acreditava mais no cinema brasileiro, mas, minha concepção mudou observando a organização e musculatura por trás desse festival.

A diretora da Inffinito, empresa responsável pelo BRAFF, Adriana Dutra declarou que vem atingindo o objetivo de divulgar o cinema brasileiro no mundo. Dividiu com todos os participantes seu orgulho de completar 15 anos em Miami, e reafirmou o compromisso com o cinema nacional. A prova disso é o lançamento do primeiro site de relacionamentos voltado exclusivamente para o mercado audiovisual, o MediaFundMarket, apresentado durante o evento na cidade. Sempre acreditamos no cinema brasileiro e investimos na possibilidade de divulgação dos nossos talentos. Nossa cultura é muito diversificada e a várias nacionalidades se identificam, disse a organizadora.

O diretor de Vips, Toniko Melo, destacou a importância do BRAFF para a cultura nacional. Este festival mostra o cinema nacional que está no mercado. O Brasil mostrando a cara. E Miami funciona como um mercado teste, pois é formado pelo público hispânico, americano e brasileiro. Além disso, de acordo com Toniko, é uma oportunidade de estender a rede de relacionamentos. Sobre o MediaFundMarket, o cinesta acredita que o lançamento da plataforma digital é uma semente histórica para o cinema nacional.

PRÊMIO LENTE DE CRISTAL

Categoria longa-metragem
Melhor Filme – Vips, de Toniko Melo
Melhor Direção – Eduardo Vaisman por 180º
Melhor Ator – Wagner Moura em Vips, de Toniko Melo
Melhor Atriz – Olivia Torres em Desenrola, de Rosane Svartman
Melhor Roteiro – Claudia Mattos por 180º, de Eduardo Vaisman
Melhor Fotografia – Adrian Teijido por Boca do Lixo, de Flavio Frederico
Melhor Trilha Sonora – Eduardo Bid por Boca do Lixo, de Flavio Frederico
Melhor Edição de Som – Miriam Biderman & Ricardo Reis por Bróder, de Jefferson De
Melhor Montagem – Quito Ribeiro por Bróder, de Jefferson De
Melhor Direção de Arte – Lia Renha por Nosso Lar, de Wagner de Assis

Categoria curta-metragem
Melhor Filme – A Verdadeira História da Bailarina de Vermelho, de Alessandra Colasanti e Samir Abujamra
Melhor Direção – Sergio José de Andrade por Cachoeira
Melhor Roteiro – A Verdadeira História da Bailarina de Vermelho, de Alessandra Colasanti e Samir Abujamra
Melhor Fotografia – Yure Cesar por Cachoeira, de Sergio José de Andrade
Melhor Direção de Arte – Robert Guimarães por O Bolo, de Robert Guimarães

Lentes de Cristal oferecidas pelo júri popular
Melhor curta-metragem – O Bolo, de Robert Guimarães
Melhor longa-metragem – De Pernas para o Ar, de Roberto Santucci

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