Histórico

Imigrantes latinos ‘enviarão US$ 60 bi este ano’, diz BID

O dinheiro enviado do exterior sustenta famílias inteiras

Imigrantes latino-americanos e caribenhos vivendo nos Estados Unidos, Europa e Japão devem enviar mais de US$ 60 bilhões (cerca de R$ 130 bilhões) a seus países de origem em 2006, US$ 6,4 bilhões (R$ 13,8 bilhões) a mais que no ano passado, de acordo com números divulgados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
“Estas remessas já são o maior programa contra a pobreza em diversos países da região. O desafio agora é transformar esse fluxo de dinheiro numa grande ferramenta para o desenvolvimento econômico”, disse o gerente do BID Donald Terry.

O Brasil é o segundo país da América Latina no volume de remessas feitas por imigrantes no exterior, tendo recebido US$ 6,4 bilhões (R$ 13,8 bilhões) em 2005 – US$ 800 milhões (R$ 1,7 bilhão) a mais que no ano anterior – dinheiro que ajuda a sustentar famílias inteiras em regiões mais pobres.

O México, com uma enorme comunidade vivendo no vizinho Estados Unidos, lidera a lista com folga, com um fluxo de US$ 20 bilhões (R$ 43,3 bilhões) no ano passado.

Investimentos

Uma das principais conclusões do estudo é que há uma tendência maior de que os trabalhadores latino-americanos no exterior façam investimentos em suas terras natais, na forma de imóveis ou pequenos negócios.

“Encontramos um interesse significativo entre as pessoas que fazem transferência de dinheiro em investir em seu país de origem. Isso representa uma grande mudança em relação ao passado”, afirmou Sergio Bendixen, presidente da firma que realizou a pesquisa.

Um terço dos imigrantes entrevistados já conseguiu fazer investimentos, principalmente em imóveis, enquanto há 5 anos, 95% dos imigrantes afirmaram não ter qualquer tipo de investimento no país de onde vieram.

Mesmo sendo vistos como os que fazem os trabalhos menos qualificados e com os salários mais baixos em países como os Estados Unidos, os imigrantes latinos que vivem lá consideram ter uma boa situação financeira e tem confiança de que farão mais progresso em suas carreiras.

História de crédito

O BID acredita que os imigrantes latino-americanos poderiam se beneficiar ainda mais com o fato de viverem no exterior, além de ajudar a economia da região.

O gerente da instituição explica que se todo o dinheiro enviado por esses trabalhadores passasse pelo sistema financeiro formal – por exemplo, de um banco na Europa para uma instituição financeira na América Latina – seria possível para os bancos ter um registro de quanto essas pessoas ganham por mês.

Com essa informação nas mãos, os bancos poderiam criar uma história de crédito para os imigrantes, oferecendo a eles empréstimos para pequenos negócios ou financiamento para a compra de imóveis.

O problema é que a maioria dos trabalhadores que buscam uma nova vida no exterior não tem nenhum conhecimento sobre produtos e serviços financeiros.

“A pesquisa revela o grande impacto que essas remessas poderiam ter no desenvolvimento econômico da região, mas para que isso acontecesse, seria necessário que os setores público e privado e a sociedade civil também estivessem envolvidos, e não apenas as famílias que enviam e recebem esse dinheiro”, explicou Donald Terry.

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