Histórico

Lee Layun: vencendo em tempos de crise

O sucesso não é uma mera coincidência do acaso e não acontece do dia para a noite

Por Heliana Deweese

Ulysses Leonardo LayunSe há um imigrante que pode patentear uma receita de sucesso aqui nos EUA é o brasileiro Ulysses Leonardo Layun, que quando aqui chegou, aos 13 anos de idade, teve o nome simplificado para ‘Lee’ para facilitar a pronúncia dos americanos. Quem não conhece de perto esse mineiro de Belo Horizonte, não pode saber que atrás da figura serena de bonachão, esconde-se um empresário de absoluto sucesso.

Administrador experiente, o brasileiro tem a mão firme para negócios e o coração mole para abrigar centenas de funcionários, que são para ele o patrimônio da USA Maintenance, empresa do segmento de limpeza comercial, que criou há quase 20 anos. De porte nacional e hoje presente na maioria dos estados americanos, o empreendimento emprega muitos brasileiros, acumula uma seleta carteira de mais de 300 clientes e começou aqui na Flórida.

Os planos do mineiro não param por aí. A USA Maintenance deve chegar também ao Brasil ainda este ano e para isso o empresário já iniciou as negociações em São Paulo. Apaixonado pelo país onde nasceu e onde tem investimentos imobiliários, passa pelo menos dois meses na terra natal reenergizando as origens. Outra paixão é o futebol e para medir o tamanho, conta ele que já se deu ao luxo de pegar o avião aqui em Miami, num bate e volta, apenas para ver o Atlético Mineiro, o time do coração, jogando no Mineirão. Um brasileiro de singular perfil e fácil de entender. Junte uma rara humildade ao espírito empreendedor. Some à visão acurada pelos anos de experiência empresarial e misture à resiliência nata de quem enfrenta com naturalidade as adversidades. Está desenhado o seu perfil.

Dono de uma agenda apertada com viagens de um estado ao outro para atender compromissos profissionais, o imigrante não se esquece de onde veio, tampouco por onde e como começou. Filantropo, encontra tempo para ajudar a todos que batem à sua porta. No caso de Lee, a ajuda não vem somente através de cifrões, mas também das próprias mãos. Quando é preciso ele ajuda a carregar o fardo. Lava copos e varre o chão. Solidário, o empresário valoriza o lado humano das pessoas e acredita que “não é possível passar por esta vida sem ajudar aos demais”, profetiza.

Receita de sucesso

Pergunte ao Lee uma receita de sucesso e ele não titubeia em responder. “Ninguém faz nada sozinho. Sem meus funcionários eu não seria o que sou. Sucesso também não cai do céu. É construído no dia-a-dia e na vontade de vencer”, prescreve o empresário. Foi para estudar que ele veio aos EUA. Formado em Business Administration (Administração) pelo BCC- Broward Community College veio para cá nos anos 70 ainda pré-adolescente, pelas mãos do pai, o argentino Moises Layun. O brasileiro começou a escrever sua história empresarial logo que chegou. Na época, seu pai era dono do restaurante Country Music Cabaret em Sunrise e foi exatamente ali que o então menino Lee literalmente arregaçou as mangas e estreou como lavador de pratos. Somente depois de passar por todo o aprendizado do restaurante, como ajudante de cozinheiro, busboy e garçom entre outras posições é que o pai deu-lhe a oportunidade de gerenciar o negócio, que segundo ele “só é bem dirigido pelo dono que aprendeu pondo a mão na massa”. Antes de assumir qualquer cargo de comando, é preciso passar por todas as etapas e serviços que envolvem o negócio, incluindo as tarefas mais humildes. “O raciocínio é simples; quem não sabe executar um trabalho, não está habilitado a cobrá-lo”, dispara.

O salto

Da experiência no restaurante de família, nasceu o empresário que traçaria uma trajetória de sucesso anos mais tarde, quando apareceu o convite de um segundo trabalho no segmento de limpeza comercial, que ele ainda não conhecia. O desafio da oportunidade despertou o interesse do jovem Lee, cujo empenho e dedicação estavam sendo observados de perto pelo dono da empresa que fez o convite. E lá foi o brasileiro gerenciar um ramo de negócio novo, que não só aprendeu como também se especializou no assunto. Depois de aprender as manhas da área e sentir-se pronto para encarar o mercado, o arrojado Lee, criou a própria empresa de limpeza comercial em 1990 e decidiu reescrever sua história de vida empresarial. O começo não foi nada fácil e para chegar onde está hoje virava as noites trabalhando, sem feriados ou finais de semana.

Desde então, o salto foi grande e o brasileiro viu a carteira de clientes crescer e se solidificar. Com orgulho, atribui grande parte do seu sucesso à sua honestidade, que faz questão de mostrar logo nos primeiros contatos com os clientes. “As empresas tratam os contratos diretamente comigo e minha empresa tem uma equipe muito bem treinada. Não terceirizo serviços, porque sou responsável pela qualidade que prometo”, confidencia. Zeloso da imagem de integridade e da confiança que conquistou junto à clientela, Lee é igualmente cuidadoso com a assessoria. A gerência geral da USA Maintenance está a cargo de dois jovens, que o empresário tem como braço direito. O filho Christopher, de 26 anos e Williams Oliveira de 34, que considera como filho adotado pelo coração. Ambos treinados por ele.

Sobressaltos

Engana-se, no entanto, quem pensa que o empresário sempre navegou em águas mansas e cristalinas. O negócio deu saltos, mas também teve sobressaltos. Há onze anos, as circunstâncias familiares e de saúde o afastaram temporariamente dos negócios. A doença da mãe e a morte de um irmão ainda muito jovem o levaram a uma temporada no Brasil. De lá, o empresário tentou manejar os negócios. Somando o estresse e a tristeza das perdas em família, o coração do brasileiro reclamou. Na iminência de um infarto foi hospitalizado para tratamento e os negócios por aqui ficaram nas mãos de terceiros e sujeito aos erros da inabilidade gerencial, dos desmandos da inexperiência e até do dolo intencional. A catástrofe rondava por perto, ameaçando a credibilidade da USA Maintenance e anos de trabalho e afinco.

É sob a mira do dono que o negócio cresce. Tão certeiro como o ditado foi a volta imediata do empresário aos EUA, para cuidar pessoalmente do que é seu.

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