Histórico

Líderes católicos visitam fronteira pela reforma

Cardeal-arcebispo de Boston reza missa ao lado da cerca que separa o México dos Estados Unidos

Gerald Kicanas
Gerald Kicanas, Bispo de Tucson, distribui a comunhão aos fiéis mexicanos

DA REDAÇÃO COM AP – Uma delegação de líderes católicos de todos os cantos dos Estados Unidos visitou a fronteira dos EUA com o México na segunda e na terça-feira (1 e 2) pedindo pela reforma imigratória.

Uma missa foi rezada sob a sombra da cerca que separa o México dos EUA, na manhã de terça, celebrada pelo cardeal Sean O’Malley, arcebispo de Boston. No sermão, o sacerdote pediu ao Congresso que vote uma reforma imigratória ainda este ano.

“O sistema está quebrado, vem causando terríveis sofrimentos e desperdiçando preciosos recursos humanos,” disse o cardeal.
“Perdemos o sentido de responsabilidade para com nossos irmãos e irmãs … a América tem o seu melhor não na arrogância ou na xenofobia, mas na sua receptividade ao New Colossus,” disse ainda O’Malley.

O arcebispo de Boston estava acompanhado de oito outros membros da U.S. Conference of Catholic Bishops (Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos) e dezessete padres. Os sacerdotes deram a comunhão às pessoas do outro lado da cerca, como parte da missa.

“Encaramos o assunto como uma questão moral,” disse o bispo Gerald Kicanas, da diocese de Tucson. Kicanas disse ainda que os bispos estão preocupados com a morte de imigrantes no deserto “e com as famílias separadas por causa das deportações, fato que testemunhamos a todo momento em nossas paróquias.”

Dezenas de imigrantes morrem todos os anos, sob as condições brutais do deserto, ao tentar entrar ilegalmente nos EUA, atravessando a fronteira de aproximadamente 2 mil milhas que o país faz com o México. Os líderes católicos lembraram que os imigrantes estão buscando trabalho e uma vida melhor para eles nos EUA, e que milhares já morreram nessa tentativa durante as últimas décadas.

“O que está faltando neste debate é o lado humano da imigração – porque a imigração lida basicamente com seres humanos, e não com problemas econômicos e sociais,” afirmou o bispo Eusebio Elizondo, bispo-auxiliar da Arquidiocese de Seattle e presidente do Comitê da Migração. “Aqueles que morreram, e os que são deportados diariamente, têm o mesmo valor inato dado por Deus a toda as pessoas, mas ainda assim ignoramos seu sofrimento e suas mortes.”

O comitê, que apoia um caminho para a cidadania para os imigrantes indocumentados, pediu na sexta-feira (4) jejum e oração para todos os católicos em favor da reforma imigratória, e que enviassem aos parlamentares no Congresso mensagens a favor da mudança.

Na segunda-feira, os bispos caminharam pelo deserto em Green Valley, por um caminho próximo da rodovia Interstate 10, muito usado pelos imigrantes; visitaram um abrigo e um centro de ajuda aos migrantes, operado pela Kino Border Initiative, em Nogales, Sonora; e fizeram uma visita à fronteira, guiados pela Border Patrol (polícia imigartória). Estava prevista também uma visita na quarta-feira às cortes federais de imigração em Tucson, para observar os processos de deportação, e ao Prima County Medical Examiner’s Office, para onde são levados para identificação a maioria dos corpos dos migrantes encontrados pelo deserto.

A iniciativa pela reforma imigratória está há meses estagnada no Congresso, com democratas e republicanos incapazes de entrar em um consenso sobre a questão.

Na semana passada, a bancada democrata na Câmara (House of Representatives) tentou forçar a votação do projeto de lei que está na Casa, mas a iniciativa foi facilmente derrubada pelos republicanos, que ainda relutam em lidar com a questão em um ano de eleições.
O Senado passou uma lei em junho passado, mas o projeto estancou na Câmara, dominada pelos republicanos.

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