Histórico

Livro é resultado de dois anos de pesquisa e mostra o perfil do brasileiro imigrante na FL

A obra de Valéria Barbosa de Magalhães traz histórias de brasileiros imigrantes, seus sonhos, conquistas e ilusões

O brasileiro que troca o Brasil pela Flórida tem suas particularidades. O clima ensolarado e a proximidade com o jeito latino de viver também atrai, e muito, os aventureiros de todos os quatro cantos do maior país da América Latina. Para estudar o perfil desses compatriotas, a professora da Universidade de São Paulo (USP), Valéria Barbosa de Magalhães, passou dois anos na Flórida reunindo estórias daqueles que queriam “fazer a América”.

A pesquisa contou com o apoio da Universidade de Miami (UM) e do governo federal brasileiro. Os dados levaram outros seis anos para serem organizados e só agora foram transformados no livro “O Brasil no Sul da Flórida – Subjetividade, Identidade e Memória”, da editora Letra e Voz. A publicação não está disponível em livrarias na Flórida, por enquanto somente no Brasil, ou pela internet no endereço www.letraevoz.webstorelw.com.br.

Valéria Magalhães conta que a aceitação ao projeto está sendo muito boa, tanto que já há interesse em continuar a pesquisa. A parceria entre a UM e a USP deve ser mantida e Valéria já visualiza a continuação do livro retratando outros aspectos da imigração brasileira para a Flórida.

Quem é esse brasileiro?

A pesquisadora revela que, mais do que o “American Dream” (o sonho americano), o brasileiro que escolhe a Flórida é particularmente diferente daquele que migra para outros cantos dos Estados Unidos. O livro mostra uma pesquisa quantitativa, usa jornais como referência e dados geográficos para mostrar que o brasileiro prefere a Flórida porque viver no estado ensolarado lembra sua terra natal. Além disso, a ginga latina tem tudo a ver com a cultura que o imigrante cresceu e ainda quer manter.

Mas existem ainda outros atrativos para os brasileiros, como a aceitação/liberdade sexual; a aventura e o comércio. A brasileira Francisca Bacellar, de 48 anos, foi um dos personagens do livro. Ela conta que veio para a Flórida cansada do preconceito contra o homossexualismo no Brasil. “Aqui há dez anos, quando vim, já tinha muito mais aceitação que no Brasil. Aqui é o paraíso”, explica ela que veio de Baependi (MG).

Hoje, uma década depois, Francisca que tem sua própria empresa de entregas, não pensa em voltar. “O Brasil está muito melhor para o público gay, as pessoas estão começando a entender que o preconceito não leva a nada”, acredita.

Outro personagem do livro é o motorista Marcelo Mesquita, de 50 anos, sendo 24 deles morando na Flórida. Ele se enquadra na categoria dos jovens aventureiros que vieram para ver como é e acabou ficando, casando e criando os filhos por aqui mesmo. “Estava e ainda estou muito decepcionado com o Brasil. Aqui pelo menos a qualidade de vida é melhor”, desabafa.

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