Histórico

Mãe aguarda justiça sobre morte de filho

Depois de dois anos e meio, a casa de saúde onde Bryan morreu finalmente está na mira do departamento de saúde

Joselina Reis

Quando Bryan Pereira morreu em 2010, aos 18 anos, sem nunca ter saído da cama durante toda a sua vida, a sua mãe, a brasileira Tereza Pereira, prometeu que sua luta por justiça não iria parar ali. Desde aquele julho de 2010 ela tem se mantido firme em um único propósito: melhorar as condições de vida de crianças como Bryan e se possível fechar a casa de saúde onde passou os últimos dias.

A entidade, Florida Club Care, segundo a mãe, finalmente está na mira da Agência Estadual De Saúde (AHCA, sigla em inglês). No website da agência, a casa de saúde, localizada em Miami (220 Sierra Dr. Miami), mostra que a última fiscalização apontou vários problemas inclusive a falta de supervisão médica.

Ainda no site do AHCA, o governo investiga a morte de outra criança em abril de 2011. Uma menina de 14 anos, portadora de necessidades especiais (mental e física) morreu no dia que chegou à Florida Club Care. Segundo o documento, houve falta de cuidados adequados e a garota acabou falecendo ao ser transferida para um hospital local.

O resumo da fiscalização do AHCA mostra que a Florida Club Care (que recentemente mudou o nome para Golden Glades Nursing and Rehabilitation Center) falhou em vários pontos importantes tais como: falta de administração, falta de médico responsável e negligência nos cuidados com pacientes. A casa de saúde é apta a receber adultos e jovens.

Foi por isso que o Estado, responsável pelo pagamento dos serviços prestados a Bryan transferiu o garoto para o local, ao invés de deixá-lo em um outro centro dedicado a cuidar de crianças com grave problemas de saúde. Tereza Pereira lembra que na época foi contra a transferência. “Eu pedi para que as horas que o governo pagava para a enfermeira fossem estendidas, mas eles negaram. Como eu precisava trabalhar tiver que aceitar a transferência”, conta ainda muito entristecida com a maneira que o sistema de saúde americano trata dos casos de crianças e adultos com graves deficiências.

História

Mais de dois anos depois da morte do filho, Tereza continua firme no seu propósito de buscar justiça. Ela ainda não perdeu a esperança de conseguir um advogado que aceite o caso. Ela quis processar o governo, mas foi desestimulada por outros advogados porque o estado de saúde de Bryan era tão grave que a morte era algo iminente. “Eu sei que a morte foi boa para ele. Mas não precisa sofrer tanto”, lembra.
Ela conta que desde que ele nasceu (prematuro e logo em seguida contraiu meningite) sua vida foi uma luta constante contra o sistema de saúde americano e contra a própria sorte. Abandonada pelo marido e ainda sofrendo a perda de um filho de cinco anos que havia falecido ao contrair AIDS através de uma transfusão de sangue, Tereza se viu sozinha na Flórida. Ao lado de Bryan e da filha mais velha, ela teve que procurar apoio de desconhecidos para conseguir se manter e buscar os recursos médicos e legais que seu filho precisava.

Depois de tanto ver abusos cometidos contra pessoas deficientes, a brasileira quer ajuda para abrir uma fundação que ofereça auxílio jurídico de graça a crianças e adultos portadores de necessidades especiais que não conseguem acesso adequado à saúde. “Passei por tudo. É uma luta contra o sistema, contra a burocracia”, finaliza.

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