Histórico

Médico curitibano é referência na área de transplantes de órgãos em Miami

Rodrigo Vianna é chefe do Miami Transplant Institute e responsável por salvar inúmeras vidas, como a da pequena Sofia

Ana Paula Franco

Rodrigo Vianna é chefe do Miami Transplant Institute

O drama dos familiares dos pequenos brasileiros Pedrinho e Sofia ficou conhecido no Brasil e pela comunidade brasileira por se tratarem de casos raros. Os dois necessitavam de uma cirurgia complexa para transplante de intestino e multivisceral de órgãos, respectivamente, para terem uma vida normal. Eles mobilizaram a sociedade brasileira por meio das redes sociais, conseguiram levantar $1 milhão de dólares, vieram para Miami e foram operados pelo chefe do Miami Transplant Institute, o médico brasileiro Rodrigo Vianna. Hoje, as duas crianças inspiram cuidados médicos e têm uma recuperação lenta, mas estão passando bem e terão alta em breve.

A primeira cirurgia foi do menino Pedrinho, no início de março. Nascido prematuro, com 36 semanas e 1 dia, em agosto de 2013, ele foi diagnosticado com uma doença rara, a Síndrome do Intestino Curto, quando ainda tinha apenas cinco dias de vida. Por conta disso, ele só podia se alimentar por meio de sondas. A melhor chance do menino era conseguir um transplante de intestino, realizada por especialistas nos Estados Unidos. Por isso, a família iniciou uma campanha, para arrecadar o dinheiro para custear a mudança para a Flórida, com todos os tratamentos necessários.

Já Sofia, que nasceu em Campinas (SP) com Síndrome de Berdon, uma doença rara que causa a má formação de vários órgãos do sistema digestivo, foi operada no dia 10 de abril. Ela sequer conheceu a casa dos pais, em Votorantim (SP), já que sempre ficou hospitalizada. Ela chegou a ser submetida a três procedimentos cirúrgicos no Brasil, mas ainda necessitava de atendimento especializado para a síndrome rara e para o transplante multivisceral, que não poderia ser realizado no país. A transferência da menina para os EUA só aconteceu por determinação da Justiça, que ordenou que a cirurgia paga pelo governo brasileiro. O transplante de Sofia teve também a participação de outro brasileiro: o médico Thiago Beduschi, que fez a captação dos órgãos do bebê doador.

“Foi realmente um sentimento único depois de ter 15 anos de carreira como cirurgião aqui nos Estados Unidos . Estes últimos meses foram especiais para mim. Poder participar da luta dessas duas famílias foi realmente uma sensação diferente. Essas cirurgias são sempre um desafio, mas aconteceram com sucesso nos dois casos. Eles estão bem, mas ainda temos alguns meses de luta pela frente. Participar da vida desses pequenos trás à tona o orgulho de ser brasileiro e de poder fazer algo pelo nosso povo. Nada acontece por acaso e lutei muito, mas muito mesmo para conseguir os resultados de uma cirurgia q era desacreditada por tantos”, disse o médico ao AcheiUSA.

Vianna chegou aos EUA em 1999 para fazer um treinamento na área de transplantes e, naquele tempo, os resultados eram muito piores. “Comemorávamos cada paciente que saía com vida e infelizmente a maioria não sobrevivia. Depois do meu treinamento fui para Indianapolis onde estabeleci o maior centro do mundo neste tipo de procedimento. Ao mesmo tempo também fiz mais de 1000 transplantes de fígado”, conta o médico.

Nascido em Curitiba, Vianna é formado pela Universidade Federal do Paraná e mora há 16 anos em Miami, com a esposa e três filhos. Após o período de estudo em Miami, o médico foi diretor do setor de transplantes intestinais e multiviscerais em um hospital de Indianápolis durante nove anos. Em 2013, mudou-se novamente para Miami, onde assumiu o cargo de diretor de transplante de órgãos sólidos do Miami Transplant Institute, onde trabalha atualmente. A unidade é considerada um dos maiores centros de transplantes do mundo, com mais de 10 mil procedimentos já realizados, e um dos poucos lugares onde o transplante multivisceral é feito com sucesso.

Ele explica que, na última década depois de muita luta, eles conseguiram melhorar muito o resultado é a qualidade de vida destes pacientes. “Como diretor do MTI espero poder oferecer a chance de receber o milagre do transplante para o maior número de pessoas possível. Ai sim estarei cumprindo minha missão por aqui. Óbvio que para chegar aqui tive a companhia de minha esposa Adriana e dois meus filhos. Existem em torno de 100 crianças nos EUA esperando por um transplante de intestino isolado ou multivisceral . A nossa batalha nunca acaba e a missão é oferecer a todos uma chance e melhorar a cada dia a qualidade de vida de nosso pacientes”, finaliza o médico.

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