Dados apontam que ação executiva assinada pelo presidente pode proteger mais de 3,85 milhões de imigrantes de deportações nos EUA
DA REDAÇÃO COM BBC BRASIL
A reforma migratória anunciada pelo presidente dos EUA, Barack Obama, pode beneficiar cerca de 22 mil brasileiros em um universo de 3,85 milhões de imigrantes irregulares que devem passar a receber proteção no país, segundo um novo levantamento do instituto Pew Research Center.
Na semana passada, Obama desafiou o Congresso americano ao assinar a ação executiva da reforma, que deve evitar, ao menos temporariamente, a deportação de imigrantes e que se aplica, sobretudo, aos que estão no país há ao menos cinco anos e são pais de crianças cidadãs ou residentes nos Estados Unidos.
Ainda que o plano do presidente não ofereça cidadania ou garanta a esses imigrantes os mesmos direitos que os dos cidadãos americanos, faz com que eles estejam aptos a receber vistos de trabalho de até três anos e fiquem protegidos de deportações.
Segundo as estimativas do Pew, o grupo mais beneficiado pela reforma será o de mexicanos. “Imigrantes não autorizados do México representam dois terços dos que ficarão aptos a serem poupados da deportação, sendo que eles representam cerca da metade da população irregular do país”, diz o levantamento.
Antes, 11% dos mexicanos irregulares nos EUA estavam protegidos por programas prévios de suspensão da deportação. Agora, essa porcentagem subiu para 55%, o que equivale a 3,2 milhões de pessoas.
Entre os brasileiros, cuja população irregular nos EUA soma cerca de 100 mil pessoas, segundo o Pew, 22% estão entre as que podem ficar livres da deportação pela nova reforma de Obama. Somando-se aos que já eram protegidos por programas prévios pró-imigrantes, essa porcentagem sobe para 31%, ou 31 mil pessoas.
Grupo pequeno
É um dos menores grupos de imigrantes entre os beneficiados pela reforma.
Levando-se em conta todos os sul-americanos, 37% (ou 275 mil) estão agora mais distantes da deportação, tanto por conta da medida assinada por Obama quanto pelas iniciativas humanitárias prévias; entre os centro-americanos e caribenhos, são 51% e 41%, respectivamente (equivalente a 850 mil e 230 mil, respectivamente).
As estimativas são feitas com base em dados demográficos de 2012.
Atualmente, cerca de 11,2 milhões de imigrantes ilegais vivem ilegalmente nos Estados Unidos. Neste ano, uma crise eclodiu quando foi noticiado que crianças que cruzavam a fronteira poderiam ser deportadas.
“Se você está nos EUA há mais de cinco anos, têm filhos que são cidadãos americanos ou residentes legais, se registrar, tiver bons antecedentes criminais e estiver disposto a pagar sua quota justa de impostos, você poderá se inscrever para ficar no país temporariamente, sem medo da deportação”, disse Obama em pronunciamento na TV na quinta-feira passada. “Você poderá sair das sombras e ficar em dia com a lei.”