Histórico

Obama culpa o Congresso pelas deportações

Presidente diz que se viu forçado pelo Congresso a aplicar a lei antes do legislativo aprovar a reforma imigratória


Foto APF

DA REDAÇÃO, COM AFP — O presidente Barack Obama disse na quinta-feira (6) que não teve como impedir as deportações em massa de imigrantes ilegais durante o seu governo, que lhe valeram o apelido de “deporter in chief” (deportador-chefe), aplicado por um grupo pró-Latino.

Obama disse que o Congresso o forçou a aplicar as leis de imigração em vigor enquanto era elaborada a reforma que ofereceria o caminho da cidadania para os imigrantes indocumentados no país.

“Eu tenho limites para o que posso fazer”, disse o presidente. “As deportações estão acontecendo porque o Congresso disse que eu ‘deveria aplicar a lei’. Não posso ignorar essa lei, assim como não posso ignorar nenhuma outra.”

Para compensar, Obama disse que ordenou aos subordinados que dessem prioridade aos casos de imigrantes envolvidos com atividades criminosas e gangues — e usou o poder executivo para proteger jovens fora de status legal que nunca tiveram outro lar além dos Estados Unidos.

O National Council of La Raza (NCRL), a maior organização defesa de interesses latinos dos EUA, rompeu esta semana com o presidente na questão das deportações.

“Em poucos dias, o governo vai alcançar a marca de dois milhões de deportações,” disse Janet Murguia, CEO da NCLR. “Trata-se de um número espantoso, que ultrapassa em longe todos os números dos governos anteriores, e deixa um rastro de famílias devastadas por toda América. Com todo respeito, divergimos com o presidente sobre a sua incapacidade de acabar com as deportações desnecessárias. Ele possui poderes para parar com isso.”

Obama disse que a questão das deportações é uma das razões pelas quais é tão importante uma reforma imigratória abrangente — que já passou pelo Senado, mas empacou na Câmara Federal.

“Eu sou o ‘defensor-chefe’ da reforma imigratória abrangente”, disse o presidente.

Obama defendeu também o seu desempenho com relação a assuntos importantes para a comunidade latina, que votou em massa nas duas eleições que o colocaram na Casa Branca.

Como exemplo, citou o esforço de manter as famílias latinas longe da pobreza durante a recessão que grassava quando ele assumiu o governo em 2009.

“Acho que a comunidade entende que estive sempre ao seu lado”, disse.

O presidente deu as declarações durante um encontro em Washington, promovido para apresentar à comunidade latina a sua reforma do sistema de saúde.

Ele garantiu aos ouvintes que as informações sobre as pessoas que se inscreverem em planos de saúde pela nova lei não serão passadas às autoridades imigratórias, que poderiam usá-las para deportar imigrantes ilegais de famílias com indivíduos de diferentes status imigratórios.

O projeto de lei de reforma do Senado, de maioria democrata, aprovado no ano passado, prevê o caminho para a cidadania e inclui reforço na vigilância das fronteiras, melhoras no sistema de concessão de vistos de trabalho e outras medidas importantes. Mas, analistas políticos prevêem que não há chance do projeto passar pela Câmara dominada pelos republicanos antes das eleições previstas para novembro deste ano.
(AFP Photo)

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