Histórico

Operação da PF prende suspeitos de fraude em vestibulares

Para MPF, esquema de fraude a vestibulares de universidades públicas e privadas funcionaria desde 2004 e em apenas 20 fraudes teria rendido R$ 500 mil

Em operação batizada de Vaga Certa, a Polícia Federal (PF) prendeu sete acusados de participação em uma quadrilha que fraudava vestibulares para universidades públicas e privadas, principalmente no curso de Medicina. As irregularidades ocorriam também em processos de transferência entre instituições de ensino superior. A operação começou na noite de sexta-feira. Duas prisões aconteceram no Rio e cinco em Fortaleza. Entre os presos há duas estudantes de Medicina, um de Enfermagem e um de Direito.

Duas outras pessoas, contra as quais também há mandados de prisão preventiva, estavam foragidas até o início da noite desta segunda. Todos os nove foram denunciados pelo procurador da República Marcello Miller à 3ª Vara Federal Criminal do Rio por estelionato, falsificação de documentos públicos e formação de quadrilha.

O Ministério Público Federal (MPF)informou que o esquema funcionava desde 2004 e que em apenas 20 fraudes a quadrilha recebeu R$ 500 mil. O número total ainda é desconhecido, mas a PF informou já ter provas em 30 casos no último vestibular da Cesgranrio, a maioria na Universidade Gama Filho. A polícia tem os nomes do estudantes, os valores pagos e as contas em que o dinheiro foi depositado. Essas contas foram bloqueadas pela Justiça. Há casos conhecidos também na Universidade Federal Fluminense, na Federal de Pelotas e em instituições de Vassouras, Petrópolis, Mogi das Cruzes e Curitiba.

O delegado Lorenzo Pompílio da Hora, titular da Delegacia Fazendária da PF no Rio, disse que os estudantes envolvidos podem ser indiciados. “Certamente, eles devem perder a vaga na universidade, pois a obtiveram de forma ilícita”, declarou o policial. “A expectativa é de indiciamento”, acrescentou. Ele disse que ainda não se pode falar em envolvimento das instituições, mas admitiu que existem suspeitas contra funcionários de universidades.

Estudantes ´pilotos´
Detidas no Ceará, Aline Saraiva Martins, de 21 anos, e Mariza Bandeira de Araújo, de 28, são estudantes de Medicina da Universidade Federal do Ceará (Ufce). Elas usavam documentos falsos para fazer provas no lugar de pessoas que pagavam à quadrilha, informou a PF. O delegado disse que ambas eram capazes de passar nos vestibulares para diversas áreas. Elas eram chamadas de “pilotos” e receberiam, de acordo com a investigação, R$ 6 mil por cada aprovação obtida. O valor pago à quadrilha variava entre R$ 25 mil e R$ 70 mil. Também foram presos o estudante de Enfermagem da Ufce Pedro Hugo Bezerra Maia Filho, de 25 anos, e o estudante de Direito Francisco do Nascimento Moura Neto, de 24, da mesma instituição.

No Rio, foram presos Anélio Cedaro e sua mulher, Neide Alvarenga Cedaro. Eles seriam responsáveis pelo recrutamento de pilotos, pelo contato com clientes que chegavam à quadrilha por meio de indicações e pelas movimentações financeiras, disse Pompílio da Hora. Eles usavam os nomes falsos de Paulo e Cristina. Também no Ceará, a PF capturou Maria de Fátima Vieira de Macedo, de 51 anos, mãe de Olavo Vieira de Macedo, de 27.

Estudante de Medicina da Universidade de Fortaleza, ele é apontado como o chefe da organização criminosa. Olavo não foi encontrado pela polícia, mas seu advogado disse que ele se apresentaria ainda nesta segunda.

Pompílio da Hora disse que, provavelmente, a quadrilha é muito maior. Graças à análise de documentos apreendidos no Rio e no Ceará, ele acredita que a PF terá, em breve, mais informações sobre a organização criminosa. “Agora teremos dados mais precisos”, afirmou. A investigação começou por iniciativa do MPF, depois de uma denúncia no Sul do País, e incluiu interceptações telefônicas e quebra de sigilos bancário e fiscal.

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