Histórico

Opinião: A era da (muita) informação

Por Antonio Tozzi

No Festival da Canção da TV Record, na década de 60, o então jovem Caetano Veloso cantava em um dos versos de Alegria, Alegria uma estrofe em que se perguntava: Quem lê tanta notícia?.

Pois, agora, mais de 40 anos depois, a estrofe poderia ser trocada por Quem gera tanta notícia?. Nesta era da informação, todo mundo se arvora em irradiador de notícias. E não faltam instrumentos para os neodivulgadores de informações se manifestar. E tome Facebook, Twitter, LinkedIn, Google+ e outras ferramentas similares.

Dessa maneira, passamos a ser escravos das informações. Se não bastasse termos de checar os e-mails, agora precisamos também ler diariamente ou mais de uma vez por dia – o Facebook a fim de ficarmos informados.

Mas será que recebemos mesmo informações relevantes? Quando dedico parte do meu tempo para verificar minha página no Facebook, fico sabendo que Sicraninha está no restaurante Tal, que eu adorooo!!!. Também descubro que Fulano acabou de chegar à sala VIP do Aeroporto Internacional do Uzbequistão, e sou obrigado a conferir as fotos de todos os pimpolhos e pimpolhas que pais e mães orgulhosos não param de colocar em suas (e nas nossas) páginas de Facebook.

Alguém mais versado nas chamadas mídias sociais chama minha atenção: Você precisa acessar e compor um perfil no LinkedIn. Lá, sim, há informações importantes do ponto de vista profissional.

Bovinamente, sigo o conselho e componho meu perfil, mas não sou suficientemente eficiente para atualizá-lo. Outros, provavelmente mais antenados com a atual era tecnológica, são ciosos em manter seus perfis atualizados. Aí, fascinado, fico sabendo que Beltrano passou de supervisor de produtos acabados para gerente de produtos industrializados. Ou, então, que a senhorita Fulaninha deixou a empresa X de marketing e agora coloca seu talento a serviço da companhia Y.

Ah, o mundo está cada vez mais globalizado. Quando abro minha página no WAYN, sou informado de que Helka Kopka, da Lituânia, está viajando para São Paulo e que José Enrique Gutierrez de Espanha adorou sua visita ao Chile. Só tem um problema: não faço a menor ideia de quem sejam estas pessoas. O importante, todavia, é estar informado.

No Qué Pasa fico sabendo quem son mis amiguitos y amiguitas de países como El Salvador e Nicarágua. Não sei se vibro ou se choro, porque não faço a menor ideia de quando (e se) visitarei aqueles países. Muito menos se vou (ou quero) encontrar eses amiguitos y amiguitas.

E há aquele outro site que envia fotos de pessoas e pedem que eu dê nota às fotos enviadas pelas pessoas. Claro que nem perco tempo com isto, porque não me sinto em condições de julgar ninguém, muito menos quem eu nem conheço. Pior ainda, os administradores do site sugerem que eu submeta minha foto para que outras pessoas deem nota. Como ainda não perdi o juízo, abstenho-me.

Além disto, temos que pesquisar portais de empresas de comunicação para saber tudo o que está passando no mundo. Isto é, caso algum assunto não tenha sido ainda abordado por seus amigos virtuais. Para estar devidamente informado, é preciso ler os portais em inglês, espanhol e português a fim de estar constantemente atualizado.

E nem pense em escapar da obsessão pela informação. Se você deixou seu computador de mesa, por favor, não deixe de levar o notebook. Caso você seja mais updated, certamente está equipado com um tablet.Ou então pode checar as informações em tempo real com seu smartphone. Ufa, não dá para escapar da ditadura da informação.

Se você quiser relacionar-se com as pessoas famosas, não há problema. Basta tornar-se um seguidor no Twitter. Assim, a fenda do vestido de Angelina Jolie tem mais seguidores do que a barriga do Ronaldo Fenômeno. Qual a vantagem disto?, é a pergunta. A resposta é sincera: Não sei.

Pelo menos com o YouTube é possível você transformar-se num sucesso instantâneo ou num rotundo fracasso. Ah, antes que me pergunte: Nunca postei nenhum vídeo no YouTube. Será que estou fora de moda?.

Como prova da onipresença da informação, você mesmo está lendo este artigo no nosso website ou em nosso jornal impresso. Por estas e outras, já desisti de ter meu próprio blog.

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