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Opinião: O outro lado da moeda

Por Antonio Tozzi

Pois é, muitos brasileiros sofrem bastante aqui nos Estados Unidos por não estarem devidamente documentados. Por isto, a exemplo da maioria dos latinos, precisam andar nas sombras para não atrair a atenção das autoridades americanas e serem questionados sobre seu status imigratório aqui. Até mesmo dirigir um automóvel é um ato de coragem, uma vez que exige muita habilidade e sorte para não ser pego pelos policiais.

Claro que este tipo de jogo duro das autoridades dos EUA é criticado pelos brasileiros, assim como pelos demais indocumentados a maioria deles latino-americanos. E os jornais da comunidade reverberam a indignação contra a falta de sensibilidade dos agentes policiais e dos oficiais de imigração.

Entretanto, viajando oito horas mais para o sul do continente, começamos a ver o mesmo sentimento sendo reproduzido no Brasil. Com o crescimento da economia brasileira e o alto índice de emprego, o Brasil está tornando-se um imã para os estrangeiros que vivem em países onde a economia passa por momentos difíceis ou por locais onde grassa a miséria.

Desta forma, profissionais gabaritados da Espanha, de Portugal e de outras nações europeias sentem-se atraídos para trabalhar no Brasil a fim de deixar para trás as crises econômicas e o desemprego vigentes em seus países. Não bastasse a pujança econômica atual, o Brasil ainda oferece perspectivas de crescimento, potencializadas ao sediar eventos da magnitude da Copa do Mundo de Futebol em 2014, e dos Jogos Olímpicos de Verão no Rio de Janeiro, dois anos depois. Ou seja, é uma nação fervilhante ávida por profissionais qualificados.

Entretanto, a exemplo do que ocorre nas nações do Primeiro Mundo, não só pessoal gabaritado está rumando para lá. Os menos qualificados, portanto com menos perspectivas de colocação profissional, também veem o Brasil como o El Dorado do momento. Assim, está cada vez mais comum a invasão de bolivianos, paraguaios e outros vizinhos latino-americanos menos favorecidos.

Agora, está começando a invasão dos haitianos, os quais chegam à fronteira norte do Brasil guiados por coiotes no melhor estilo cruzamento do Rio Grande o rio que divide o México dos Estados Unidos. Eles sabem que está cada vez mais difícil cruzar a fronteira na América do Norte, então, estão voltando suas baterias para o Cone Sul, mais especificamente para o Brasil, onde as fronteiras não são tão vigiadas.

Depois de duas anistias concedidas respectivamente pelos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, o povo brasileiro já começa a demonstrar sua insatisfação com a chegada dos indocumentados. E o governo atual já avisou que acabou a mamata, ou seja, para trabalhar no Brasil somente estando devidamente autorizado.

A exemplo do que se verifica aqui, os ilegais acabam trabalhando de qualquer maneira e ficam à mercê de patrões inescrupulosos que os exploram, sabedores de que seus direitos trabalhistas inexistem. E tem sido cada vez mais comum ver imigrantes indocumentados sofrendo perseguições e seus filhos sendo vítimas de bullying provocado pelos coleguinhas brasileiros, desmistificando a lenda de que o brasileiro é um povo amigável.

Não é, tanto isto é verdade que uma parte da população já vem levantando a voz para que o governo tome medidas mais duras contra a vinda e a permanência dos ilegais no território verde-amarelo, uma vez que eles tomam empregos dos nativos e usufruem dos benefícios oferecidos pelo Estado sem contribuir com o pagamento dos impostos.

Soa familiar para você? Na verdade, isto é apenas o retrato da sociedade moderna. Todos condenam a perseguição aos imigrantes, mas não toleram quando eles invadem seus territórios. É assim em todo o lugar, inclusive no Brasil, país hoje visto como o mais poderoso da América Latina. Para nossos irmãos latino-americanos, o Brasil representa regionalmente o que os Estados Unidos representam mundialmente. O duro é que o brasileiro não tem a menor noção disto.

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