Antonio Tozzi
Os ativistas democratas estão preocupados com a suposta perda de cerca de oito milhões de eleitores. Este é o número aproximado de residentes permanentes que teriam condições de solicitar a cidadania americana mas não fizeram isto a tempo para votar nas eleições presidenciais de novembro.
Vale lembrar que grupos defensores dos direitos dos imigrantes fizeram campanhas ostensivas para conscientizar estes residentes permanentes a solicitar a cidadania e, desta forma, participar ativamente dos destinos da pátria em que escolheram para viver.
Juan José Gutierrez, presidente da Coalizão Vamos Unidos USA, criticou as pessoas que deixaram de se tornar cidadãos americanos porque, na opinião dele, elas são causadoras de dano para toda a comunidade imigrante, uma vez que também são imigrantes e muitos deles sofreram bastante antes de conseguir se tornar residentes permanentes e obter o almejado green card.
Além do mais, ele salienta que o fato de ser residente permanente ainda coloca o imigrante numa situação mais frágil, ou seja, é passível de deportação a qualquer momento se cometer algum delito que as autoridades de imigração e cidadania dos Estados Unidos julgarem não ser compatível para a permanência no país, casos como ser flagrado com drogas ilegais, pequenos furtos, fraudes e até mesmo problemas no tráfego. No caso dos cidadãos, as pessoas respondem criminalmente, mas dificilmente têm a cidadania revogada, a não ser em casos extremos como a da sexy espiã russa Anna Chapman, expulsa do país por alta espionagem.
Gutierrez destacou que os 8,2 milhões de residentes permanentes elegíveis formam uma força política importante para pressionar em vários temas nacionais nos Estados Unidos, sobretudo para a aprovação de uma reforma imigratória justa e integral, que atualmente desponta como o principal assunto para os mais de 11 milhões de imigrantes que se encontram numa situação desconfortável, vivendo como cidadãos de segunda classe no país e temerosos de serem capturados pelas autoridades e deportados para seus países.
Quase metade do total de 8,2 milhões de residentes permanentes que podem tornar-se cidadãos é de latino-americanos. Muitos deles não processaram a cidadania simplesmente por não terem disponível o dinheiro cobrado pelo Departamento de Imigração e Cidadania dos EUA pelas taxas cobradas.
Aliás, a crise econômica americana está atingindo em cheio as minorias do país. Negros e latinos estão na parte de baixo da escala social e consequentemente integram percentualmente a maior fatia do contingente de desempregados, que teimosamente fica girando em torno de 8%. Este índice, por sinal, é um dos grandes empecilhos à reeleição do presidente Barack Obama.
A boa notícia para ele é que cada vez mais os eleitores americanos estão descolando índices de desemprego da política governamental. Ou seja, estão tomando consciência que nem sempre os empregos dependem da vontade ou intervenção dos governos, seja em que nível for, federal, estadual ou municipal. Tem muito mais a ver com a visão de lucros dos empresários que querem cortar custos de qualquer maneira para satisfazer seus acionistas.
Por conta disto, o governo Obama vem estimulando empresas americanas a manter suas linhas de produção nos EUA concedendo incentivos fiscais e outros benefícios para evitar que os empregos sejam exportados para Índia, China e outros países.
Entretanto, nem isto impediu que o uniforme oficial da delegação olímpica dos Estados Unidos que está indo representar o país nos Jogos Olímpicos de Londres fosse confeccionado na China, apesar de estar carregando a marca Ralph Lauren, que venceu a concorrência para vestir os atletas americanos.
O Brasil que se cuide porque pode seguir o mesmo caminho caso não faça uma reforma tributária que incentive a atração de mais empresas para o país. E outro fator de entrave que precisa ser eliminado urgentemente é a burocracia para fazer coisas corriqueiras como abrir ou fechar empresas, contratar e demitir funcionários atividades rotineiras.
Texto anteriormente publicado no www.diretodaredacao.com