Histórico

Paulo Gualano

O homem com ritmo nas veias

Antonio Tozzi

Embaixador da música brasileira nos Estados Unidos, fundador da Escola de Samba Unidos da Flórida, promotor de shows e onipresente em eventos onde se exige um espetáculo de música brasileira de qualidade. Brasileira. É tudo? Não, música latina também. Shows com boleadeiros e tango argentinos, salsa e merengue integram o repertório de Paulo Gualano, o mais famoso músico/empresário brasileiro na Flórida.

Hoje, o nome Paulo Gualano é uma referência em shows musicais de qualidade. E seu grupo é contratado – e bem pago – por empresários do ramo artístico e mesmo para shows particulares em casas de pessoas abastadas. Este é o reconhecimento a uma carreira que começou 22 anos atrás em Miami.

Esse capixaba, natural de Vitória, que se criou em Brasília, quando a Capital Federal estava no início, veio para os Estados Unidos há 30 anos, acompanhando uma namorada, Georgia, filha da funcionária do Itamarati Helena Olintho. Foi direto para Chicago onde cursou o High School e um ano depois veio para a Flórida, junto com a namorada e com a ex-futura sogra, transferida para o Consulado Geral do Brasil em Miami.

Início da carreira – Bem, o namoro não deu certo (os dois são apenas bons amigos), mas o amor por Miami frutificou. Ele era guitarrista do grupo que se apresentava na Churrascaria Rodízio, na Biscayne Boulevard, uma casa que não existe mais.

Em 1982, surgiu a oportunidade para Gualano lançar-se no mundo artístico. Convidado pelos cubanos do Kiwanis para participar do tradicional Festival da Calle 8, apresentando uma atração ligada à música brasileira, ele não se fez de rogado. Juntou quatro percussionistas, duas dançarinas e saiu tocando samba em cima de uma carroça. O resultado, reconhece, não foi dos melhores: “O som estava horrível, o espetáculo pobre, mas mesmo assim o pessoal não parou de dançar. Aí, tive um clique. Opa, isto aqui tem futuro”. Ele se lembra até hoje do primeiro patrocinador: Flagler Dog Track, local que realiza corrida de cachorros.

Gualano passou, então, da idéia à prática e montou a Brazilian & Latin Sound Co., especializada em bandas para shows. Eles estão habilitados para fazer apresentações em vários ritmos e para diferentes públicos. Assim, há artistas para todos os gostos: samba, merengue, salsa, tango, bolero, jazz. Aliás, ele não esconde que ama os ritmos agitados: “Adoro música latina, assim como música brasileira e rock. Não sou muito fã de bossa-nova, jazz este tipo de som mais introvertido”. Para quem não sabe, Gualano é um roqueiro de mão cheia. O repórter foi brindado com uma apresentação exclusiva de um solo de bateria em sua casa, onde acompanhou uma canção de Billy Joel.

Administrar as pessoas – Mais do que um artista, Gualano descobriu que tinha um dom a mais, o de saber administrar pessoas. Dessa maneira, ele reúne em seu elenco 78 artistas, integrantes das várias bandas. Ou seja, se o cliente pede um grupo de salsa ele despacha os artistas que tocam este ritmo, se for por tango ele também tem uma equipe de profissionais e por aí vai. No entanto, indubitavelmente, o destaque é o samba.

“Música brasileira não tem para ninguém aqui. Não temos concorrência. A qualidade dos instrumentistas, a beleza e a ginga das mulatas (tecnicamente as dançarinas não precisam ser mulatas de cor) e o luxo das fantasias torna o nosso espetáculo algo incomparável”, exulta o artista/empresário.

A fama do seu grupo rompeu as barreiras das comunidades brasileira e latina e chegou até aos americanos. Assim, grandes empresas como Nike, FedEx, Budweiser, Bacardi, Coca-Cola e outras começaram a contratá-lo para seus eventos e convenções. Passou a trabalhar com os grandes nomes da música latina como Willy Chirino, Célia Cruz e o casal Emilio e Gloria Estefan. Foi até mesmo convidado por Emilio para tocar percussão no disco “Destiny” de Gloria. Aceitou, é claro, e seu nome consta da relação dos músicos que participaram do disco.

O prestígio do grupo de Gualano foi confirmado ao abrir a Cúpula das Américas, em 1994, no James Knight Center, evento que contou com a presença dos ex-presidentes dos EUA, Bill Clinton, e do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, e de outros líderes latino-americanos.

Detalhe: ele foi contatado (e contratado) diretamente pelo maestro Quincy Jones de Los Angeles.

Cigano da música – Graças a seu grupo, já conheceu 18 países do mundo. Foi contratado pela Nike para fazer os shows de abertura dos jogos da Seleção Brasileira no Japão e na Coréia, antes da Copa do Mundo. A marca de calçados esportivos acabara de assinar um contrato de patrocínio com a CBF e queria fazer da seleção um produto para aumentar seu marketing no mercado asiático.

Em outra ocasião, ficou com seu grupo um mês em Aruba fazendo shows no Radisson Hotel local. Agora mesmo, recebeu uma proposta para ir para o Egito e fazer uma temporada de shows de três ou de seis meses na cidade turística de Sharm El Sheikh. Apesar da proposta tentadora, Gualano considera difícil aceitá-la em razão do longo período. “Tenho muitos compromissos profissionais para cumprir e é praticamente inviável. Além disso, não conseguiria ficar longe dos meus filhos tanto tempo”, admite.

Shows locais e Miami Fair – Sua agenda está sempre lotada. Para o Réveillon, já tem dois shows marcados, ambos em Miami Beach. Às 9 horas da noite de 31 de dezembro, o grupo apresenta-se numa festa particular e às 2h30 da madrugada toca no Delano Hotel. “Engraçado é que o horário da meia-noite ainda está disponível”, comenta Gualano, sugerindo que pode encaixar o horário na agenda, desde que seja naquela região.

Para o período de Carnaval, o grupo de Paulo Gualano vai animar o primeiro carnaval da comunidade brasileira em Tampa, no dia 5 de fevereiro. Duas semanas depois, eles estarão em Atlanta, onde se apresentarão pelo quarto ano.

A menina dos olhos do empresário, porém, é o contrato assinado com os organizadores da Miami Fair – um evento grandioso realizado num amplo espaço da zona sul da cidade, durante o período de 17 de março a 3 de abril. “Fomos contratados para fazer diariamente uma apresentação de uma hora de duração e três shows diários de 35 minutos de segunda a sexta-feira e quatro shows aos sábados e domingos”, revela.

O profissionalismo do grupo de Paulo Gualano foi fundamental para a conquista deste contrato, pois eles sempre se apresentavam na Miami Fair. Agora, no entanto, estão ganhando mais espaço. “Os nossos shows são um sucesso por causa do bom nível dos artistas e pelo bom gosto. Sou mesmo um perfeccionista e cuido dos mínimos detalhes. Estipulo até mesmo uma multa para aqueles que não chegam no horário e não admito quem não sabe se comportar. Entretanto, da mesma maneira que cobro, sei recompensar. Ofereço alimentação, estadia, estacionamento e pago em dia. Assim, os artistas têm confiança em trabalhar comigo”, afirma.

Nada mau para o menino que deixou Brasília e aprendeu música de ouvido. Até hoje, não conhece teoria musical, toca de ouvido. Sua mãe, quando ainda viva, sempre lembrava que ele tocou “Parabéns a Você” para o seu pai, na primeira vez que pegou num violão aos nove anos de idade. Atualmente tem até mesmo um patrocínio exclusivo dos instrumentos de percussão Gope nos EUA.

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