Histórico

Preconceito na rede: sites expõe racistas, machistas e homofóbicos

Quem está ligado às redes sociais e segue sites de notícias, todos os dias, se depara com centenas de comentários preconceituosos de diversas origens. Incomodados com essa realidade, alguns brasileiros decidiram documentar o fato em páginas na internet.

“Todo dia tem racismo fresquinho no Twitter”, assegura o criador da página “Não sou racista, mas…” João Filho, 33. “Quem gosta de preto é chicote”, “Cada dia mais pegando nojo de preto” ou “Não tô nem aí, não gosto de preto mesmo, ainda mais gordo” são alguns dos comentários que comprovam sua tese.

João foi o primeiro brasileiro a compartilhar mensagens alheias na rede social para expor o preconceito de seus autores. O perfil, criado meses antes do “A minha empregada” (que chegou a repercutir no exterior nesta semana), foi o ponto de partida para o monitoramento de outras palavras-chave na rede — machismo, homofobia, transfobia e preconceito contra pessoas acima do peso são alguns deles.
Inspirada na atitude de João, a estudante Gabriella Ramos, 21, resolveu monitorar e expor machistas na rede.

“Os que mais me chocaram até hoje foram os que continham piada com estupro e violência à mulher”, diz a jovem criadora do “Não sou machista”. Ela dá exemplos. “Não é estupro. É sexo-surpresa”, escreveu um jovem de Manaus. “Não é estupro se ela usava blusa aparecendo a barriga”, afirmou um rapaz de São Paulo. “Se vocês acham minha namorada gostosa é porque não a viram pelada. Só não estupro porque não preciso”, disse outro, um brasileiro que mora na Califórnia.

Diferentemente dos outros perfis, Gabriella costuma engatar longas discussões com seus adversários machistas.

Já o estudante Nicholas criou a página “Não sou transfóbico”. A dinâmica é a mesma: ele pesquisa e compartilha mensagens de ódio contra travestis e transexuais. “Comecei nessa semana depois do ‘A minha empregada’. Eu vi o perfil e achei a ideia muito legal. Aí fui procurar algo do tipo sobre transfobia, porque eu sofro na pele, e não achei nenhum”, explica o porquê de criar essa página.

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